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O Imenso reino dos répteis e anfíbios das RPPNs Cristalino
Por Lucas Eduardo Araújo Silva
Em 3 de julho de 2023
O sapo-venenoso-da-castanha (Adelphobates castaneoticus) tem esse nome porque ele usa os ouriços das castanhas abertos pelas cutias e que ficam esparramados no solo da floresta cheios d’água para botar seus ovos.
Lá os girinos se desenvolvem um pouco e depois o papai sapo (macho) pega cada um dos pequeninos e os carrega nas costas até chegar num corpo d’água, onde os girinos terminam de crescer.
Essas e muitas outras curiosidades podem ser observadas no imenso reino dos répteis e anfíbios da Amazônia. O sapo-venenoso-da-castanha e mais 150 espécies (fotos e informações ecológicas) registradas na Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPNs Cristalino podem ser encontradas no “Guia de Répteis e Anfíbios das RPPNs do Cristalino” lançado recentemente.
Cerca de 80% das espécies de répteis e anfíbios das RPPNs Cristalino e que ocorre também no Parque Estadual Cristalino I e II é típica da Amazônia, como por exemplo o sapo-de-chifre-amazônico (Ceratophrys cornuta), o calango-seringueiro (Plica umbra) e a serpente periquitamboia (Corallus batesii). As 20% das espécies restantes ocorrem tanto ao longo do Cerrado quanto na Amazônia, ou é típica de Cerrado, como o lagarto-rabo-de-abacaxi (Hoplocercus spinosus), o teiú-dourado (Tupinambis matipu) e o sapo-flecha (Ameerega braccata).
A equipe de pesquisadores que elaborou o guia de campo registrou 20 espécies que não haviam sido listadas ainda para as RPPNs Cristalino e foram adicionadas ao guia. São 11 anfíbios (sapos, pererecas e rãs) e 9 répteis (3 lagartos e 6 cobras).
Participaram do levantamento científico e elaboração do guia os biólogos: Jessica dos Anjos Oliveira, Leandro Moraes e Sidnei Dantas.
A pesquisa
O guia de Répteis e Anfíbios das RPPNs Cristalino começou a ser elaborado em 2020, a partir de informações prévias (planos de manejo e levantamentos) e registros da plataforma iNaturalist. Essas listas foram revisadas (os nomes científicos dos bichos mudam com uma certa frequência) e foram acrescentados ao longo do tempo 20 espécies adicionais, registradas pelo biólogo naturalista Sidnei Dantas, que à época era guia do Cristalino Lodge.
O guia
Uma das principais utilidades do guia é promover a divulgação científica com uma linguagem acessível a todos. Com fotos exuberantes o guia promove educação ambiental e a sensibilização da população
“Um guia de espécies é uma ferramenta de identificação dos organismos de um determinado local. O material garante que qualquer pessoa, ao encontrar um destes organismos, possa recorrer ao guia como referência visual para tentar obter informações sobre o animal. Muitas vezes fotografar o que foi visto é útil, pois é possível comparar a foto com as imagens do guia, já que de cabeça muitas vezes não captamos todos os detalhes do bicho visualizado”, explica a bióloga Jessika dos Anjos.
O guia também pode ajudar pesquisadores que estudam uma certa espécie e estejam em busca de outras áreas onde ocorrem essas espécies. “Enfim, é uma ferramenta incrível de aprender sobre as espécies de uma certa área, suas características e seus hábitos, e de identificar o que for sendo visto”, conclui a pesquisadora.
Raridade
Algumas espécies têm a distribuição ainda mais restrita e só são conhecidas para a região estudada e seus arredores, como a cobra d’água Helicops apiaka e o pequeno sapinho Pseudopaludicola hyleaustralis.
Vulnerabilidade
Nenhuma das espécies identificadas no guia de Répteis e Anfíbios da RPPN Cristalino estão enquadradas em categorias de ameaça em nível nacional na atualidade. Apenas o tracajá Podocnemis unifilis é considerado como vulnerável a extinção em nível internacional.
Veja mais
Texto: Josana Salles Abucarma – Assessoria de Comunicação da FEC
Contato: 65-99966-3681