“Explosão reprodutiva” da perereca Osteocephalus leprieurii

Foto: Jessika dos Anjos

É como se chama a estratégia reprodutiva da perereca Osteocephalus leprieurii, encontrada nas RPPNs Cristalino e ilustrada no Guia de Répteis de Anfíbios, lançado recentemente no site do Cristalino Lodge. O fenômeno ocorre após as primeiras chuvas fortes, durante apenas alguns poucos dias. Todos os indivíduos de uma população de Osteocephalus leprieurii reúnem-se em um alagado para reproduzir, virando uma sonora e caótica “orgia”.

Quer saber mais?

https://cristalinolodge.com.br/uploads/Main-Folder-2.0/PDF/Anfi%CC%81bios-e-Re%CC%81pteis-Amphibians-Reptiles-Cristalino-Lodge-2023.pdf

 

Texto: Josana Salles Abucarma – Assessora de Comunicação da FEC

Email: imprensa@fundacaocristalino.org.br

Fone: 65-99966-3681

 

 

 

Projeto Chove Chuva será lançado em Mato Grosso para acesso fácil a toda a população

A população de Mato Grosso terá em breve as principais informações atualizadas sobre chuvas, rios, nascentes, práticas agrícolas, queimadas, desmatamentos, territórios indígenas, unidades de conservação, uso do solo entre muitos outros dados produzidos por inúmeras pesquisas nos últimos 20 anos.

Onde?

Na plataforma digital do projeto Chove Chuva, realizado em parceria com inúmeras instituições de pesquisa, ongs e órgãos públicos de meio ambiente, e financiado pelo Centro Nacional de Estudos Espaciais da França no âmbito da chamado Observatório Espacial do Clima.

Disseminar informação espacial sobre a evolução das variáveis climáticas e a dinâmica de uso do solo

O que é o projeto Chove-chuva?

Uma ferramenta de monitoramento das dinâmicas territoriais em Mato Grosso, na Amazônia brasileira. Este serviço irá fornecer indicadores simples sobre a evolução das variáveis climáticas e de uso do solo. Também serão coletados dados dos cidadãos sobre a localização de práticas de manejo sustentáveis como integração lavoura-pecuária-floresta ou reflorestamento.

A plataforma irá coletar dados do cidadão sobre a percepção das mudanças climáticas

Chove-Chuva vai oferecer um acesso a uma grande diversidade de informações espaciais a fim de sensibilizar os cidadãos e às associações comunitárias de Mato Grosso as mudanças ambientais.

Aguardem!

 

 

 

 

 

Texto: Josana Salles Abucarma – Assessora de Comunicação da FEC

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Contato: 65 – 99966-3681

No Dia Nacional da Ciência, FEC homenageia cientistas que ajudam a descobrir mais sobre a Amazônia

No dia 8 de julho, quando é comemorado o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, a FEC agradece a todos os cientistas brasileiros e estrangeiros parceiros da fundação na produção científica sobre a fauna, flora, clima e recursos hídricos da Amazônia de Mato Grosso.

Ao longo dos 24 anos de atuação da FEC em Alta Floresta, foram realizadas mais de 40 pesquisas científicas nas Reservas Particulares de Patrimônio Natural – RPPNs Cristalino e no Parque Estadual do Cristalino.

RPPN Cristalino – Foto: Marcos Amend

As RPPNs Cristalino, situada no sul da Amazônia (MT) são destinadas para fins de pesquisa, educação ambiental e visitação controlada. São regidas pela Fundação Ecológica Cristalino (FEC), situada no município de Alta Floresta. No entorno das reservas, outras terras estão sendo protegidas pelos proprietários, são elas: Ilha Ariosto com 536 hectares de mata nativa no Rio Teles Pires e a Fazenda Cristalino com 3.701 hectares, totalizando assim, cerca de 11.400 hectares de florestas protegidas.

“É uma área pequena se compararmos com as proporções continentais deste rico Bioma. Porém, estão localizadas em uma região que sofre com o desmatamento decorrente do avanço da fronteira agrícola. A FEC desenvolve, apoia e incentiva a realização de pesquisas científicas nas RPPNs Cristalino, visando aumentar o conhecimento desta região, visando a conservação e preservação da sua biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos que a floresta fornece”, ressalta Lucas Eduardo Araújo Silva, biólogo, Doutor em Zoologia (evolução e biodiversidade) pós em Direito Ambiental e coordenador da FEC.

Coordenador da FEC, Lucas Eduardo Araújo, no projeto Looking For Jaguar

 

A bióloga e doutora em Aquicultura, professora de Ecologia da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, Solange Arrolho é uma das pesquisadoras que atua nas RPPNs Cristalino em parceria com a Fundação Ecológica Cristalino. Ela explica que a região do Parque Estadual Cristalino protege 1% das espécies ameaçadas de extinção no Brasil e 0,15% das espécies ameaçadas globalmente (GBIF.org, 2023). “Mas o que isso significa? Quando se fala em Amazônia, a primeira imagem que vem na memória se refere à presença de grandes florestas e grandes rios, povoados por uma enorme diversidade de espécies, muitas das quais ainda desconhecidas pela ciência. Temos que pensar que essa região tem importância econômica, ecológica e social de grande relevância para a nossa e futuras gerações. Portanto, conservá-la é demonstrar que usamos nossa preocupação com o outro”.

A região das RPPNs e do Parque Estadual Cristalino é um reduto de espécies ameaçadas, tais como a castanheira (Bertholletia excelsa), a onça-pintada (Panthera onca), o tracajá (Podocnemis unifilis) e o jacamim-de-costas-marrons (Psophia dextralis), além de ser lar para mais de sete espécies de primatas, incluindo o endêmico e ameaçado macaco-de-cara-branca (Ateles marginatus), espécie -símbolo do Parque Estadual Cristalino. Outros habitantes da floresta incluem o tatu-canastra (Priodontes maximus), a ariranha (Pteronura brasiliensis), diferentes espécies de sapos e serpentes e mais de mil espécies de borboletas. Quase um terço de todas as aves brasileiras, de um total de 1.971 espécies – incluindo o gavião-real (Harpia harpyja), uirapurus, araras, papagaios e tucanos – podem ser observados dentro e nos arredores da reserva.

Projeto “Ecologia e Conservação do macaco-aranha-de-cara-branca (UFMT/Unemat/ IE e Unemat)

As RPPNs possuem rígidas normas a respeito do uso da área  e proíbe atividades como mineração, desmatamento e caça e pesca predatória. É permitida a prática de turismo responsável com facilidades turísticas de mínimo impacto, como torres de observação, mirantes e trilhas.

Com ajuda dos cientistas o desenvolvimento científico sobre a Amazônia não para nunca!

Nosso agradecimento especial aos produtores de ciência que garantem conhecimento sobre a Amazônia, em especial no norte de Mato Grosso, região do Arco do Desmatamento.

 

 

Projeto Fungus

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Texto: Josana Salles Abucarma – Assessora de Comunicação da FEC

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Veja como é realizada a coleta de imagens do Projeto Looking For Jaguar na RPPN Cristalino

Neste segundo ano de amostragem do projeto de monitoramento de onças na RPPN Cristalino – Looking for Jaguar foi realizada em junho a primeira coleta de dados do período de seca de 2023. O projeto tem o objetivo de fazer o monitoramento de mamíferos nas RPPNs Cristalino e o principal foco é inventariar a população de onças pintadas (Panthera onca).

O monitoramento é feito através de 17 câmeras instaladas nas trilhas das reservas.

Desde abril até novembro de 2022 o projeto Looking For Jaguar registrou 8.730 animais nas RPPNs Cristalino. Ao todo foram registradas 48 espécies: 27 de mamíferos, 19 de aves e 2 de répteis.

Panthera onca – Foto: Samuel melin

Nesta primeira coleta de imagens registradas entre maio e junho deste ano, o coordenador do projeto, biólogo Lucas Eduardo Araújo da Silva encontrou cerca de 523 imagens somente na câmera 6, instalada há 11 quilômetros do Cristalino Lodge, em área conhecida como “Limão”.

Todos os meses são percorridas as trilhas onde foram instaladas as armadilhas fotográficas e trocadas as filhas recarregáveis e retirados os cartões que são trocados por novos.

O projeto “Looking For Jaguar” tem o apoio da Lata Foundation.

Veja maia detalhes no depoimento do coordenador científico da FEC, Lucas Eduardo Araújo Silva

https://www.youtube.com/watch?v=24jAIUQWlwQ

Texto: Josana Salles Abucarma – Assessora de Comunicação da FEC

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O Imenso reino dos répteis e anfíbios das RPPNs Cristalino

O sapo-venenoso-da-castanha (Adelphobates castaneoticus) tem esse nome porque ele usa os ouriços das castanhas abertos pelas cutias e que ficam esparramados no solo da floresta cheios d’água para botar seus ovos.

Lá os girinos se desenvolvem um pouco e depois o papai sapo (macho) pega cada um dos pequeninos e os carrega nas costas até chegar num corpo d’água, onde os girinos terminam de crescer.

Essas e muitas outras curiosidades podem ser observadas no imenso reino dos répteis e anfíbios da Amazônia. O sapo-venenoso-da-castanha e mais 150 espécies (fotos e informações ecológicas) registradas na Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPNs Cristalino podem ser encontradas no “Guia de Répteis e Anfíbios das RPPNs do Cristalino” lançado recentemente.

RPPN Cristalino, na Amazônia de Mato Grosso 

Cerca de 80% das espécies de répteis e anfíbios das RPPNs Cristalino e que ocorre também no Parque Estadual Cristalino I e II é típica da Amazônia, como por exemplo o sapo-de-chifre-amazônico (Ceratophrys cornuta), o calango-seringueiro (Plica umbra) e a serpente periquitamboia (Corallus batesii). As 20% das espécies restantes ocorrem tanto ao longo do Cerrado quanto na Amazônia, ou é típica de Cerrado, como o lagarto-rabo-de-abacaxi (Hoplocercus spinosus), o teiú-dourado (Tupinambis matipu) e o sapo-flecha (Ameerega braccata).

A equipe de pesquisadores que elaborou o guia de campo registrou 20 espécies que não haviam sido listadas ainda para as RPPNs Cristalino e foram adicionadas ao guia. São 11 anfíbios (sapos, pererecas e rãs) e 9 répteis (3 lagartos e 6 cobras).

Cobra Leptodeira annulata comendo Ceratophrys cornuta (Sidnei Dantas)

Participaram do levantamento científico e elaboração do guia os biólogos: Jessica dos Anjos Oliveira, Leandro Moraes e Sidnei Dantas.

o biólogo Leandro Moraes em expedição cientifica na Serra do Imeri RR

A pesquisa

O guia de Répteis e Anfíbios das RPPNs Cristalino começou a ser elaborado em 2020, a partir de informações prévias (planos de manejo e levantamentos) e registros da plataforma iNaturalist. Essas listas foram revisadas (os nomes científicos dos bichos mudam com uma certa frequência) e foram acrescentados ao longo do tempo 20 espécies adicionais, registradas pelo biólogo naturalista Sidnei Dantas, que à época era guia do Cristalino Lodge.

O guia

Uma das principais utilidades do guia é promover a divulgação científica com uma linguagem acessível a todos. Com fotos exuberantes o guia promove educação ambiental e a sensibilização da população

“Um guia de espécies é uma ferramenta de identificação dos organismos de um determinado local. O material garante que qualquer pessoa, ao encontrar um destes organismos, possa recorrer ao guia como referência visual para tentar obter informações sobre o animal. Muitas vezes fotografar o que foi visto é útil, pois é possível comparar a foto com as imagens do guia, já que de cabeça muitas vezes não captamos todos os detalhes do bicho visualizado”, explica a bióloga Jessika dos Anjos.

    Jessica dos Anjos guiando no Cristalino (Mel Kepen)

O guia também pode ajudar pesquisadores que estudam uma certa espécie e estejam em busca de outras áreas onde ocorrem essas espécies. “Enfim, é uma ferramenta incrível de aprender sobre as espécies de uma certa área, suas características e seus hábitos, e de identificar o que for sendo visto”, conclui a pesquisadora.

Raridade

Algumas espécies têm a distribuição ainda mais restrita e só são conhecidas para a região estudada e seus arredores, como a cobra d’água Helicops apiaka e o pequeno sapinho Pseudopaludicola hyleaustralis.

Vulnerabilidade

Nenhuma das espécies identificadas no guia de Répteis e Anfíbios da RPPN Cristalino estão enquadradas em categorias de ameaça em nível nacional na atualidade. Apenas o tracajá Podocnemis unifilis é considerado como vulnerável a extinção em nível internacional.

Biólogo Sidnei Dantas na torre do Cristalino Lodge

Veja mais

https://cristalinolodge.com.br/uploads/Main-Folder-2.0/PDF/Anfi%CC%81bios-e-Re%CC%81pteis-Amphibians-Reptiles-Cristalino-Lodge-2023.pdf

Texto: Josana  Salles Abucarma – Assessoria de Comunicação da FEC

Contato: 65-99966-3681

 

 

FEC organiza brincadeiras para a criançada na 15°Caminhada na Natureza neste domingo

Bora participar da 15°Caminhada na Natureza e a 1° Passarinhada Municipal de Alta Floresta que acontece neste domingo, 02/07 na chácara Aurora, a partir das 7 horas. A realização é da Prefeitura Municipal de Alta Floresta. Toda a comunidade local está convidada para praticar caminhadas e contemplar a fauna e a flora.

Entre as diversas entidades que participam do evento, a Fundação Ecológica Cristalino – FEC estará presente pela primeira vez apresentando seus diversos projetos e envolvendo a criançada em atividades de educação ambiental.

Há 15 anos desenvolvendo o projeto “Um Dia na Floresta” na reserva Surucuá, a FEC demonstrará brincadeiras, tais como: “Quem sou Eu?”, “Distribuição da Receita Médica da Natureza” e “Quem Pegou Minha Linda Folha”.

“Quem sou eu?”Projeto “Um Dia na Floresta”

A 15°Caminhada é organizada pela Secretaria de Inovação e Desenvolvimento Econômico e a Direção de Turismo da prefeitura Municipal de Alta Floresta.

A fim de contribuir com entidades filantrópicas e despertar a solidariedade, será realizada a ação de troca solidária, para que a Caminhada na Natureza também seja um atrativo ao envolvimento e cooperação com a comunidade local.

Local de concentração e Largada da Caminhada (02/07/2023, às 07h00 – Domingo): Chácara Aurora/Delmoro. Setor de Chácaras, Perimetral 1° Leste (Próximo ao Bairro Araras).

Campanha “Alta Floresta sem Fogo” será lançada nesta sexta-feira, 30/06

A Prefeitura Municipal de Alta Floresta fará o lançamento da campanha de prevenção e combate às queimadas “Alta floresta sem Fogo – A decisão está em suas mãos”, nesta sexta-feira, dia 30, a partir das 15 horas na sede da OAB. A campanha será realizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável em parceria com o Conselho Municipal de Meio Ambiente -CONDEMA e diversas instituições públicas.

Durante o evento serão apresentadas as diversas estratégias de gestão no combate do fogo e de queimadas no município.

Participam como apoiadores da campanha o COMDEMA (Conselho Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFMT) Campus Alta Floresta, UNEMAT, Instituto Centro de Vida (ICV), Fundação Ecológica Cristalino (ICV)Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), IBAMA, OAB, Rotary Club de Alta Floresta Centro, Agenda 2030, Programa adote uma Nascente, Ministério Púbico Estadual (MPMT), Amazon, Corpo de Bombeiros. A Secretaria Municipal de Educação também participará com ações de educação ambiental nas escolas municipais e estaduais.

Em Mato Grosso o período proibitivo de queimadas em todo o estado também começa também no dia 01 de julho até 31 de outubro de 2023. A medida está prevista no decreto nº 259/2023 publicado em edição extra do Diário Oficial do Governo de Mato Grosso no dia 05 de maio.

A região de Alta Floresta e Novo Mundo é a que mais sofre com os incêndios florestais. Em 2022 foram queimados em torno de 5 mil hectares do Parque Estadual Cristalino I e II e arredores. Foram mais de 15 dias de muita fumaça, animais silvestres queimados e a rara vegetação do parque ardendo em chamas. Um prejuízo inestimável para a exuberante biodiversidade de toda a região.

A Fundação Ecológica Cristalino – FEC é uma das parceiras da campanha municipal e desde o ano passado mantem uma brigada de prevenção e combate ao fogo nas reservas particulares – RPPNs que estão ao lado do Parque Estadual Cristalino I e II.

Dia Mundial do Meio Ambiente: “Emergências Socioambientais em MT”, é tema de evento do FORMAD em Cuiabá

No Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho a Fundação Ecológica Cristalino – FEC participa do evento “Emergências Socioambientais em Mato Grosso”, promovido pelo Fórum Popular Socioambiental de Mato Grosso – FORMAD. Serão realizadas atividades nos dias 05 e 06 de junho, com a participação de representantes de algumas das 36 entidades filiadas ao FORMAD no estado. A programação começa com o II Fórum Popular das Unidades de Conservação, na segunda-feira (05), a partir das 9h, no Hotel Fazenda Mato Grosso.

Ainda na segunda-feira (05), às 14h, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) será realizada a Audiência Pública “PEC 12/2022: Unidades de Conservação”, em parceria com o mandato do deputado federal Lúdio Cabral. A audiência tem como objetivo ampliar a discussão sobre os impactos da aprovação do projeto, que já teve a inconstitucionalidade apontada pelo Fórum em nota técnica protocolada junto à ALMT.

Na terça-feira (06), a programação conta com o Fórum “Águas e Crise Climática”, abordando a luta e a resistência das comunidades diante do enfrentamento à crise socioambiental.

Parque Estadual Cristalino II completa 22 anos e garante a conservação de espécies raras e produção de chuvas

No dia 30 de maio de 2001 foi criado pelo Governo de Mato Grosso o Parque Estadual Cristalino II com 118 mil hectares, localizado na Amazônia mato-grossense, entre os municípios de Alta Floresta e Novo Mundo. Naquele ano a unidade de conservação foi anexada ao Parque Estadual Cristalino |, criado em 2000, com 66.900 hectares. Ao todo são 184.900 hectares de floresta amazônica primária que promovem a conservação da fauna e flora do sul da Amazonia brasileira.

Na região do Parque Estadual Cristalino foram identificadas mais de  600 espécies de aves, sendo 25 estão ameaçadas de extinção, 82 espécies de répteis, 60 de anfíbios, 98 de mamíferos, 2 mil de borboletas, 39 de peixes e mais de 1.400 espécies de plantas já catalogadas. Ao todo são 41 espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção e 38 espécies endêmicas.

As unidades de conservação são instituídas pelo poder público e tem papel fundamental na conservação da biodiversidade. São espaços territoriais e marinhos detentores de atributos naturais e/ou culturais, além de especial relevância para a conservação e uso sustentável de seus recursos, desempenhando um papel altamente significativo para a manutenção da diversidade biológica.

As UCs são legalmente instituídas pelo poder público nas suas três esferas (municipal, estadual e federal).

Essas áreas são reguladas pela lei nº 9985/2000, que institui o Snuc (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), e estão divididas em dois grupos: as de proteção integral e as de uso sustentável.

Além de proteger espécies raríssimas da fauna amazônica, as florestas do Parque Estadual do Cristalino contribuem para o combate ao aquecimento global e a produção de chuvas que são distribuídas no estado de Mato Grosso e sul do Brasil.

 

Nova espécie de louva-a-deus é descoberta na Amazônia de Mato Grosso

Encontrada em expedição do Projeto Mantis na RPPN Cristalino, espécie faz homenagem à RPPN Cristalino

Leo Lanna e o designer Lvcas Fiat, do Projeto Mantis

Em 2021, em meio ao segundo ano da pandemia, o pesquisador Leo Lanna e o designer Lvcas Fiat, do Projeto Mantis, realizaram a maior expedição de suas vidas, como parte do Mestrado de Leo pelo Museu Paraense Emílio Goeldi e Universidade Federal do Pará. “Austral: Mantis da Amazônia” foi uma imersão de dois meses na RPPN Cristalino, MT, na porção mais sul do bioma, onde a floresta encontra o Cerrado. Com apoio da Fundação Ecológica Cristalino e do Greenpeace Brasil, o objetivo era documentar a diversidade de louva-a-deus da área, até então completamente desconhecida. O primeiro resultado saiu agora: uma nova espécie, Microphotina cristalino, publicada na European Journal of Taxonomy, e batizada em homenagem à reserva e ao principal rio da região. O nome também remete à característica translúcida do corpo do inseto. Enquanto um projeto de lei pretende retirar o Mato Grosso da Amazônia Legal, a nova espécie de louvaa-deus soma-se às diversas descobertas feitas na região, como o sagui-de-schneider, nos lembrando o quanto ainda temos a conhecer e por que a floresta deve seguir protegida.

“Nós realizamos expedições em diversos locais do Brasil, e a Amazônia do Mato Grosso sem dúvidas foi a mais rica em diversidade que já vimos”, conta Leo Lanna. “A quantidade de animais era imensa, não era incomum ver antas, queixadas, mamíferos grandes que são cada vez mais raros ou escassos. E isso se refletiu nos louva-a-deus: encontramos mais de 30 espécies, em quantidades que nunca imaginamos ver.”

Quase diariamente a dupla saia à noite, com lanternas e câmeras, para buscar os insetos. Perto do alojamento, deixavam duas armadilhas de luz não-letais, que são basicamente um pano branco com uma luz forte que traz insetos voadores noturnos. Na floresta, eram horas de busca, olhando no chão e folhiço, passando por troncos e folhas, até onde os olhos alcançavam. O Brasil tem a maior diversidade de louva-a-deus do mundo, mais de 250 espécies, que habitam todos os biomas e todas as partes dos ecossistemas. Carismáticos e chamativos, esses insetos carnívoros são inofensivos para nós e apresentam formas e cores bastante peculiares, sempre camuflados. Podem se parecer com galhos, folhas verdes ou secas, líquens, musgos e até flores. Encontrá-los à noite é mais fácil, quando a camuflagem não é tão efetiva. Na RPPN Cristalino, o Projeto Mantis buscava por novas e raras espécies que pudessem nos ajudar a compreender melhor esses insetos, cuja diversidade no país pode alcançar até 700 espécies no futuro, de acordo com cientistas. E foi a expedição de maior sucesso da organização. Além do louva-a-deus cristalino, já identificaram ao menos duas outras novas espécies de louva-a-deus, que estão em processo de descrição.

A descrição foi feita com base em machos adultos, encontrados somente na armadilha de luz não letal

A descoberta do louva-a-deus cristalino trouxe à tona diversas questões. A descrição foi feita com base em machos adultos, encontrados somente na armadilha de luz não letal. Ao revisarem a literatura, os autores perceberam que o mesmo aconteceu para as outras quatro espécies do gênero Microphotina. Em apenas uma delas a fêmea é conhecida, a partir de um único exemplar. Isso significa que, fora os machos voadores atraídos às luzes, não se conhecem as fêmeas e jovens, que não voam, nem os ovos. No artigo, os autores levantam a hipótese de que seja um inseto de dossel, vivendo na copa das árvores e raramente descendo às partes baixas da floresta.

“Mesmo com dois meses de buscas na floresta, o louva-a-deus cristalino só apareceu na armadilha de luz. A copa das árvores é um mundo à parte, extremamente biodiverso e desconhecido. Inclusive, em nosso TED Talk no Canadá ano passado, quando falamos a primeira vez sobre a espécie nova, mencionamos como ainda não existem tecnologias eficientes para pesquisar grande parte da fauna de dossel, apesar dos avanços que nos permitem explorar do fundo do oceano até Marte.”

No artigo, que conta também com os especialistas em louva-a-deus João Herculano e Julio Rivera, e o herpetólogo Pedro Peloso, orientador de Leo no Mestrado, os pesquisadores alertam para a conservação da espécie. Por viver nas partes altas, o louva-a-deus cristalino provavelmente depende de florestas preservadas. Infelizmente, a região faz parte do infame Arco do Desmatamento, onde a devastação mais avança. O ecótono Cerrado-Amazônia, essa região de contato e troca entre os dois biomas, concentra uma biodiversidade riquíssima e única, porém já perdeu 40% de sua cobertura original. Caso o Estado seja retirado da Amazônia Legal, a previsão é que milhões de hectares sejam desmatados, agravando o cenário. Mesmo as áreas protegidas se encontram sob forte pressão. Só em 2022, milhares de hectares dos Parques Estaduais Cristalino I e II sucumbiram a queimadas ilegais. Ainda assim, é graças às RPPNs, Unidades de Conservação Federais e Estaduais, e Terras Indígenas, que ainda restam trechos importantes da Amazônia na região, um abrigo fundamental para sua rica biodiversidade. Por isso o nome foi uma homenagem à reserva que protege a espécie nova.

O artigo científico aproveita a oportunidade para sintetizar o conhecimento da linhagem evolutiva desse grupo de louva-a-deus, os Microphotina, incluindo a relação entre suas espécies, os primeiros detalhes da história natural e comportamento, e sua distribuição, hoje restrita à Amazônia. E se antes a linhagem só era conhecida para regiões mais ao Norte do bioma, de clima mais úmido ao longo de todo o ano, a descoberta de uma espécie na RPPN Cristalino, no sul do bioma, onde existe uma estação seca bem definida, levantou a hipótese de que esse tipo de louva-a-deus também pudesse ser encontrado na Mata Atlântica ou até mesmo em zonas naturais de florestas do Cerrado e da Caatinga. E essa hipótese se confirmou em Dezembro do ano passado, quando a equipe visitou a Universidade Federal de Viçosa e encontrou um único exemplar de um louva-a-deus semelhante aos Microphotina na coleção do museu entomológico, oriundo da Mata Atlântica mineira. Com o achado, estão iniciando uma parceria com pesquisadores da UFV para desvendar a fauna de louva-a-deus local.

RPPN Cristalino, na Amazônia de Mato Grosso e ao lado do Parque Estadual Cristalino

Ainda há muito a se conhecer sobre a biodiversidade do Brasil, nossa maior e verdadeira riqueza. O Projeto Mantis trabalha desde 2015 com pesquisa, conservação e documentação de vida selvagem, combinando ciência e arte no estudo dos louva-a-deus. Por meio de palestras, exposições, eventos e redes sociais, a equipe divulga suas descobertas e sua experiência na busca por esses insetos fantásticos. Fala não somente de insetos, mas das belezas de nossa fauna e flora, mostrando em detalhes os encontros fantásticos nas noites das florestas tropicais. Esse ano irão ao Global Exploration Summit, em Portugal, falar sobre suas mais recentes descobertas.  E voltarão à Amazônia, dessa vez em Roraima, para uma expedição com financiamento da National Geographic Society, para produzir um trabalho em torno do desconhecido e do imaginário no universo dos louva-a-deus.