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Entidades mobilizam população sobre atropelamentos da fauna silvestre de Alta Floresta
Por Lucas Eduardo Araújo Silva
Em 21 de outubro de 2023

Mesmo depois de décadas de colonização, a cidade de Alta Floresta, situada na Amazônia Legal ainda possui muitos fragmentos de mata amazônica na zona urbana e rural. As áreas verdes ainda abrigam grande número de espécies da fauna, muitas delas endêmicas. No entanto, a cidade tem enfrentado um problema diário em suas vias públicas e estradas vicinais: o atropelamento de animais silvestres.

macaco-aranha-de-cara-preta – Fotos: Luciana Reginal Egewarth

Os registros aumentam a cada dia, não só de atropelamentos como também de animais perambulando pelas ruas. Os choques entre animais e carros se intensificaram nos últimos anos. Conforme dados do Corpo de Bombeiros de Alta Floresta, todos os dias são feitos resgates de animais pela cidade. A Prefeitura de Alta Floresta em parceria com a Unemat, Fundação Ecológica Cristalino – FEC, Sema e Ibama identificaram 13 pontos críticos nas vias públicas onde ocorrem maior incidência dos atropelamentos.

Entre as vítimas do trânsito está o zogue-zogue-de-alta-floresta (Plecturocebus grovesi) espécie recentemente descrita pela ciência e entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo, conforme a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Outros animais, alguns ameaçados de extinção estão entre as vítimas dos atropelamentos: macaco-aranha-de-cara-preta, anta, gavião-real, araras, bicho-preguiça, capivaras, cutia, cobras, onça-pintada, onça-parda, macaco-prego, sagui.

zogue-zogue-de-alta-floresta (Plecturocebus grovesi) -espécie de primata que está na lista das 25 espécies mais ameaçadas do mundo

O Laboratório de Zoologia e da Coleção Zoológica da UNEMAT – Campus Alta Floresta que recebe voluntariamente doações de carcaças de animais que tenham morrido em acidentes no perímetro urbano aponta que entre os meses de março de 2022 a setembro de 2023, foram doados ao laboratório 65 animais silvestres atropelados. As carcaças são utilizadas em atividades didáticas de ensino, pesquisa e extensão. Entre os meses de março de 2022 a setembro de 2023, foram doados ao laboratório 65 animais silvestres atropelados.

Preocupados com essa realidade instituições públicas e não-governamentais se uniram com o propósito de encontrar soluções para reduzir os acidentes. No próximo dia 25 de outubro, a Prefeitura Municipal de Alta Floresta, a Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e a Fundação Ecológica Cristalino (FEC) e parceiros realizam evento aberto à comunidade no Museu de História Natural de Alta Floresta às 19 horas.

A Fundação Ecológica Cristalino – FEC convidou a bióloga Fernanda Abra, Mestre em Ecologia de Ecossistemas Terrestres e Doutora em Ecologia aplicada pela USP e pesquisadora posdoc associada ao Centro de Conservação e Sustentabilidade do Smithsonian em Washington DC, Estados Unidos para apresentar soluções para evitar os atropelamentos.

Durante sua palestra “Atropelamentos da Fauna Silvestre de Alta Floresta” a bióloga apresentará dados sobre os graves acidentes nas estradas envolvendo motoristas e animais da fauna silvestre e medidas mitigadoras implantadas em vários lugares do Brasil. “A prevenção de colisões com a fauna é uma forma de proteger animais e pessoas. O trânsito e as estradas precisam ser seguras para todos”, alerta.

“Com certeza podemos dizer que o atropelamento de animais silvestres é a principal causa de perda crônica de fauna no Brasil, junto com a caça ilegal e o tráfico de animais”, diz Fernanda Abra, vencedora do Prêmio Future for Nature Awards 2019, um dos mais importantes do mundo para iniciativas voltadas à proteção de animais silvestres.

Fernanda Abra, Mestre em Ecologia de Ecossistemas Terrestres e Doutora em Ecologia aplicada pela USP

Abra explica que essa retirada em grande quantidade de animais da natureza tem impacto ainda maior em espécies em risco de extinção, de reprodução lenta – que não aguentam fortes pressões do meio externo – e aquelas consideradas topo de cadeia, das quais muitas outras dependem para sobreviver.

Entidades se unem para encontrar soluções

Entidades se mobilizam para encontrar soluções

O grupo criado para discutir os problemas em relação a fauna silvestre de Alta Floresta e soluções é uma iniciativa colaborativa entre diferentes instituições, tais como:  7ª Companhia Independente Bombeiros Militar – 7ª CIBM – Alta Floresta, Diretoria Regional de Alta Floresta – SEMA/MT, Unidade Técnica do IBAMA de Alta Floresta, Aeroporto de Alta Floresta/COA, UFMT – Campus Sinop, Instituto Ecótono, UNEMAT/AFL, Via Brasil, Fazenda Anacã e vereadora Ilmarli Teixeira, Conselho Municipal de Meio Ambiente – COMDEMA e Defensoria Pública.

Texto: Josana Salles – Coordenação de Comunicação da FEC