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FEC inicia a temporada de expedições científicas nas RPPNs Cristalino em 2024
Por Lucas Eduardo Araújo Silva
Em 25 de abril de 2024
Botânicos entram na floresta amazônica em busca de novas espécies enquanto outra frente de trabalho monitora aves, mamíferos e borboletas. Através de registros fotográficos (câmeras TRAP), a FEC observa atentamente 7 onças-pintadas (Panthera onca) que transitam em cerca de 7 mil hectares de floresta nativa, às margens do rio Cristalino.
Os pesquisadores de Botânica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) realizam a quarta expedição do projeto “Flora das RPPNs Cristalino”, buscando descobrir novas espécies de plantas da Amazônia nas Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) Cristalino, uma área de floresta amazônica no norte de Mato Grosso e de extrema importância para a conservação da biodiversidade.
Até final de 2023, primeiro ano do projeto, foram coletadas uma possível nova espécie de planta, um primeiro registro de espécie para a Amazônia e três novos registros de espécie para Mato Grosso.
Já foram coletadas aproximadamente 600 amostras que estão sendo analisadas e depositadas nos herbários da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT – campus Alta Floresta. O estudo abrange cerca de 8 ambientes vegetativos existentes dentro das RPPNs.
O projeto faz a revisão e atualização da nomenclatura das espécies da primeira listagem publicada há 13 anos (1.366 espécies de plantas, referentes a 626 gêneros pertencentes à 151 famílias) que pode ter isso modificada pela ciência.
A cada expedição e coletas surgem novas espécies que podem ser agregadas às listas das RPPNs Cristalino, como também, novos registros de ocorrência para o Mato Grosso e Brasil e outras novas espécies para a ciência, podem ser encontradas.
Além disso, pelo menos duas coleções botânicas (herbários) de Mato Grosso serão beneficiadas com o recebimento do material. O projeto ainda oportuniza apoiar a formação de jovens botânicos, com desenvolvimento de teses e dissertações, e na participação de alunos dos cursos de graduação da Biologia da UNEMAT e da UFMT, nas expedições de coleta, onde aprenderão as técnicas de coletas e de identificação de plantas.
Looking for Jaguar
Para entender o cotidiano das onças-pintadas da Amazônia em uma área totalmente conservada e livre de qualquer ameaça como as RPPNs Cristalino, o projeto “Looking for Jaguar” coordenado pela FEC já totalizou 16 registros de indivíduos da espécie Panthera onca (onça-pintada) desde o início do projeto em 2022. Ao todo 7 onças-pintadas transitam pela área, uma fêmea e seis machos. No caso da onça-parda (Puma concolor) o projeto tem mais de 70 registros.
Em sua sétima expedição, realizada em abril de 2024, os pesquisadores instalaram as câmeras em 16 pontos das reservas florestais. O coordenador do projeto, biólogo Lucas Eduardo Araújo Silva explica que é preciso saber entre outras coisas os períodos do dia de maior atividade, os locais de maior concentração e como a espécie se comporta em áreas onde existe a presença humana.
As câmeras também registraram queixadas, mutum-cavalo, antas, pacas, cutias, jaguatiricas, veado-roxo, irara, tamanduá-bandeira, entre outros.
O projeto “Looking For Jaguar” tem o apoio da Lata Foundation.
Monitoramento da Biodiversidade
O projeto de Monitoramento da Biodiversidade das RPPNs Cristalino, previsto no Plano de Manejo das reservas florestais inicia seu terceiro ano, realizado em uma área isolada na margem direita do rio Cristalino.
A pesquisa investiga a presença de espécies de aves, borboletas e mamíferos no começo e no fim do período chuvoso. Ao todo são 5 km de trilha em 3 tipos de ambientes vegetativos: Floresta ripária, floresta de igapó e floresta de terra firme. A equipe precisa percorrer 5 mil metros coletando informações colhidas por observação e gravação de áudio da floresta.
O que é o Monitoramento da Biodiversidade
Coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, a Fundação Ecológica Cristalino – FEC monitora a condição da biodiversidade no interior das áreas protegidas, observando especialmente aqueles grupos de indicadores que apresentam relevância para orientar a decisão sobre ações preventivas e mitigadoras dos efeitos das mudanças climáticas. São monitoradas espécies de mamíferos, aves e borboletas frugívoras.
O monitoramento da biodiversidade é realizado a partir de levantamentos em campo e fornece a base de informações biológicas necessária para subsidiar a gestão e a proposição de medidas adequadas para a conservação nos ambientes monitorados.
As informações obtidas nesses programas são úteis em múltiplas escalas, auxiliando tanto a gestão de uma pequena unidade de conservação (perspectiva local), como orientando um conjunto específico de áreas protegidas (perspectiva regional) ou ainda subsidiando a formulação das políticas e metas nacionais de conservação (perspectivas nacional/global).
São empregados métodos eficientes: acurados, mas de baixo custo operacional e logístico. Outra necessidade fundamental nos monitoramentos de biodiversidade é o acúmulo de informações ao longo do tempo. Com um volume representativo de dados de biodiversidade, inferências mais seguras podem ser feitas.
As unidades de conservação (UC) são áreas chave para a conservação da natureza em diversas escalas e perspectivas. Essas áreas protegem habitats, espécies, processos ecológicos e serviços ecossistêmicos. Considerando a sua importância estratégica, o monitoramento de sua biodiversidade constitui uma atividade essencial para a gestão desses espaços.
Coordenação de Comunicação
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