Fernanda Abra recebe Prêmio Whitley e anuncia a construção de pontes de dossel para proteger primatas de Alta Floresta

A instituição de caridade britânica Whitley Fund for Nature (WFN) está reconhecendo Fernanda Abra, do Brasil, com um Prêmio Whitley por seu trabalho pioneiro na construção e monitoramento de pontes de dossel para passagem de primatas ameaçados de extinção com baixo custo sobre a rodovia BR-174, na floresta amazônica. Com os recursos oriundos da premiação, a bióloga brasileira planeja escalar pontes de dossel na cidade de Alta Floresta, na Amazonia de Mato Grosso, visando proteger 8 espécies de primatas, cinco delas ameaçados de extinção e que habitam na área urbana e correm riscos de atropelamentos.

Foto: Luciana Regina Egewarth

Pesquisadora associada da ONG Brasileira Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Fernanda planeja promover o uso das pontes de dossel nas rodovias do Brasil. No caso de Alta Floresta, município que abrange os parques estaduais Cristalino I e II, oito espécies de primatas transitam na cidade, das quais cinco estão em perigo especificamente devido à perda de habitat natural, fragmentação e colisões em viários: zogue-zogue-de-Mato Grosso, Macaco-aranha-preto, Mico-de-Schneider, Bugio-ruivo-de-Spix e Bugio-ruivo-do-Purus.

O Brasil é o país com maior diversidade de macacos do mundo e tem mais de um quinto das espécies ameaçadas de extinção. Duas espécies, o Guigó-da-Caatinga e o Sauim-de-coleira, foram incluídas na lista global dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. O zogue-zogue-de-Mato-Grosso e o macaco-aranha-de-cara-branca (Alta Floresta/MT) receberam menção de alerta na lista atualizada.

Fernanda, que também é pós-doutoranda pelo Zoológico Nacional e Instituto de Biologia de Conservação do Smithsonian, planeja abordar a escassez de pesquisas sobre este assunto no Brasil monitorando sistematicamente o uso da vida selvagem das pontes em uma das poucas iniciativas baseadas em ciência no país que focam nas ameaças das estradas para mamíferos arborícolas. Isso inclui a perda de conectividade na copa das árvores e a mortalidade causada por colisões de veículos.

“Identificamos cinco locais onde as pontes na copa das árvores são imperativas para a reconexão em Alta Floresta. Antes disso, em conjunto com instituições públicas de meio ambiente como a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema/MT – Alta Floresta), Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama – Alta Floresta), Universidade Federal de Mato Grosso – polo Sinop e Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat – polo Alta Floresta, a Fundação Ecológica Cristalino (FEC)  e a Fazenda Anacã, fomos mapeando 19 pontos de alto índice de atropelamentos de animais silvestres na área urbana de Alta Floresta”, conta.

Reunião com instituições públicas e ongs na Prefeitura de Alta Floresta – Foto Secom/AFL

Abra disse ainda que pretende treinar mais de 200 pessoas dos órgãos federais de transporte e meio ambiente que trabalham com licenciamento ambiental para rodovias em nove estados da Amazônia brasileira como parte de seu objetivo de estabelecer uma cultura de infraestrutura sustentável.

Quarenta por cento das espécies de primatas estão ameaçadas de extinção no Brasil, com fragmentação de florestas e impactos causados por rodovias entre as principais ameaças que enfrentam. O Brasil possui a quarta maior rede rodoviária do mundo. O presidente Lula revelou no ano passado um programa de gastos de 1 bilião de reais (156 mil milhões de libras) para impulsionar a infraestrutura, que deverá incluir a construção de novas rodovias no país.

Sir David Attenborough, Embaixador da WFN e apoiador de longa data da instituição de caridade, disse que a crescente rede de vencedores representa alguns dos líderes de conservação mais impressionantes do mundo. “Os vencedores do Prêmio Whitley combinam o conhecimento de como responder a crises, mas também trazem consigo comunidades e públicos mais amplos.”

 Waimiri-Atroari

A chave para o sucesso do “Projeto Reconnecta” de Fernanda foi conquistar o apoio do povo indígena Waimiri-Atroari, cujos 2,3 milhões de hectares de terra são cortados pela rodovia federal e cujo território é considerado um dos mais bem preservados da Amazônia.

Mais de 150 pessoas Waimiri-Atroari participaram da construção e instalação das pontes na copa das árvores ao longo de um trecho de 125 km da rodovia. Fernanda também colaborou com as agências federais de transporte e meio ambiente do Brasil – o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) – além da Universidade Federal do Amazonas, a UFAM.

Desde que Fernanda e sua equipe construíram 30 pontes artificiais na copa das árvores para restaurar a conectividade da floresta para a vida selvagem em 2022, elas foram usadas por oito espécies arbóreas, sendo o sagui-de-mão-dourada – um importante símbolo cultural para os povos indígenas – o usuário mais frequente.

“O povo Waimiri-Atroari são o coração do projeto. Eles sabem tudo sobre a vida silvestre local. Eles conhecem a ecologia dos animais. Eles conhecem os padrões temporais e espaciais. E isso foi fundamental para nós estabelecermos o projeto Reconnecta aqui.”

povo Waimiri-Atroari – Projeto Reconnecta

No âmbito do Projeto Reconnecta, cada ponte na copa das árvores é monitorada com duas armadilhas fotográficas, registrando o número de animais se aproximando, atravessando ou evitando as pontes. A equipe registrou 500 travessias bem-sucedidas ao longo de um período de 11 meses, um número que se espera aumentar à medida que os mamíferos se acostumem a elas. As pontes foram utilizadas em apenas 30 dias após a instalação, com algumas espécies mostrando preferência por designs específicos de pontes na copa das árvores.

As pontes consistem em cabos de aço, cordas e redes de nylon e são ancoradas por postes de concreto. A equipe de Fernanda usou dois designs: uma ponte horizontal em cruzeta e um único cabo de aço envolto em corda trançada. Ambas as pontes são parte de um experimento para entender qual o design preferido por diferentes espécies. O custo dos materiais utilizados neste projeto foi em média £1.500 por ponte. Com o financiamento do Prêmio Whitley, Fernanda planeja medir o sucesso das pontes em aumentar a conectividade do habitat para espécies arbóreas e reduzir a mortalidade por atropelamento na BR-174, além de expandir o projeto para Alta Floresta, uma cidade fronteiriça localizada no estado de Mato Grosso.

Como parte desse objetivo, Fernanda busca se reunir com a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, e Renan Filho, o Ministro dos Transportes, para discutir o potencial de expandir o Projeto Reconecta para outras rodovias na Amazônia e em outros biomas florestais no Brasil.

Projeto Reconnecta

 O Whitley Fund for Nature (WFN)

É uma instituição de caridade do Reino Unido que apoia líderes de conservação de base nos países do Sul Global. Ao longo de 30 anos, ele direcionou £23 milhões para mais de 200 conservacionistas em 80 países.

Um pioneiro no setor, o WFN foi uma das primeiras instituições de caridade a direcionar financiamento diretamente para projetos liderados por nacionais dos países em que atua. Seu rigoroso processo de candidatura identifica indivíduos inspiradores que combinam a ciência mais recente com ação baseada na comunidade.

Os prêmios emblemáticos do WFN – Prêmios Whitley – são apresentados pela Patrona da instituição, a Princesa Anne, alteza real, em uma cerimônia anual prestigiada em Londres, na Royal Geographical Society. Os vencedores recebem financiamento, treinamento e visibilidade, incluindo curtas-metragens narrados pelo Embaixador do WFN, Sir David Attenborough.

A Cerimônia dos Prêmios Whitley de 2024 ocorre nesta quarta-feira, 1º de maio, na Royal Geographical Society e será transmitida ao vivo no YouTube a partir das 20h BST. Os vencedores dos Prêmios Whitley de 2024 são:

Naomi Longa de Papua Nova Guiné, que está protegendo os recifes de coral na Baía de Kimbe e criando uma rede de áreas marinhas protegidas lideradas por mulheres indígenas locais.

  • Dr. Aristide Kamla de Camarões, que está restaurando o habitat do peixe-boi-africano no Lago Ossa, enfrentando ameaças de espécies invasoras e poluição.
  • Kuenzang Dorji do Butão, que está protegendo o Langur-dourado-de-gees em perigo e implementando soluções para agricultores cujas plantações são alvo dos primatas.
  • Leroy Ignacio da Guiana, que está liderando a expansão de um dos primeiros movimentos de conservação liderados por indígenas do país para proteger o Pintassilgo-de-bico-vermelho em perigo.
  • Raju Acharya do Nepal, que está fortalecendo a proteção para corujas no Nepal central depois de liderar um plano de 10 anos apoiado pelo governo para proteger as aves.

Todos os anos, um vencedor anterior do Prêmio Whitley é escolhido para receber o Prêmio Whitley Gold, no valor de £100.000, em reconhecimento à sua contribuição excepcional para a conservação. Além de fazer parte do Painel de Julgamento, o vencedor do Prêmio Whitley Gold também atua como mentor dos vencedores do Prêmio Whitley e como embaixador internacional do sucesso da conservação.

O vencedor do Prêmio Whitley Gold de 2024 é Purnima Devi Barman, da Índia, reconhecida por catalisar um movimento de dezenas de milhares de mulheres em Assam para salvar a cegonha adjutant maior.

www.whitleyaward.org, Facebook, Twitter, Instagram, YouTube, LinkedIn

FEC inicia a temporada de expedições científicas nas RPPNs Cristalino em 2024

Botânicos entram na floresta amazônica em busca de novas espécies enquanto outra frente de trabalho monitora aves, mamíferos e borboletas. Através de registros fotográficos (câmeras TRAP), a FEC observa atentamente 7 onças-pintadas (Panthera onca) que transitam em cerca de 7 mil hectares de floresta nativa, às margens do rio Cristalino.

Os pesquisadores de Botânica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) realizam a quarta expedição do projeto “Flora das RPPNs Cristalino”, buscando descobrir novas espécies de plantas da Amazônia nas Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) Cristalino, uma área de floresta amazônica no norte de Mato Grosso e de extrema importância para a conservação da biodiversidade.

Botânicos da UFMTe UNEMAT

Até final de 2023, primeiro ano do projeto, foram coletadas uma possível nova espécie de planta, um primeiro registro de espécie para a Amazônia e três novos registros de espécie para Mato Grosso.

Já foram coletadas aproximadamente 600 amostras que estão sendo analisadas e depositadas nos herbários da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT – campus Alta Floresta. O estudo abrange cerca de 8 ambientes vegetativos existentes dentro das RPPNs.

O projeto faz a revisão e atualização da nomenclatura das espécies da primeira listagem publicada há 13 anos (1.366 espécies de plantas, referentes a 626 gêneros pertencentes à 151 famílias) que pode ter isso modificada pela ciência.

A cada expedição e coletas surgem novas espécies que podem ser agregadas às listas das RPPNs Cristalino, como também, novos registros de ocorrência para o Mato Grosso e Brasil e outras novas espécies para a ciência, podem ser encontradas.

RPPNs Cristalino

Além disso, pelo menos duas coleções botânicas (herbários) de Mato Grosso serão beneficiadas com o recebimento do material. O projeto ainda oportuniza apoiar a formação de jovens botânicos, com desenvolvimento de teses e dissertações, e na participação de alunos dos cursos de graduação da Biologia da UNEMAT e da UFMT, nas expedições de coleta, onde aprenderão as técnicas de coletas e de identificação de plantas.

Looking for Jaguar

Para entender o cotidiano das onças-pintadas da Amazônia em uma área totalmente conservada e livre de qualquer ameaça como as RPPNs Cristalino, o projeto “Looking for Jaguar” coordenado pela FEC já totalizou 16 registros de indivíduos da espécie Panthera onca (onça-pintada) desde o início do projeto em 2022. Ao todo 7 onças-pintadas transitam pela área, uma fêmea e seis machos. No caso da onça-parda (Puma concolor) o projeto tem mais de 70 registros.

Onça~pintada registrada de dia nas reservas

Em sua sétima expedição, realizada em abril de 2024, os pesquisadores instalaram as câmeras em 16 pontos das reservas florestais. O coordenador do projeto, biólogo Lucas Eduardo Araújo Silva explica que é preciso saber entre outras coisas os períodos do dia de maior atividade, os locais de maior concentração e como a espécie se comporta em áreas onde existe a presença humana.

As câmeras também registraram queixadas, mutum-cavalo, antas, pacas, cutias, jaguatiricas, veado-roxo, irara, tamanduá-bandeira, entre outros.

Instalação das câmeras TRAP

O projeto “Looking For Jaguar” tem o apoio da Lata Foundation.

Monitoramento da Biodiversidade

O projeto de Monitoramento da Biodiversidade das RPPNs Cristalino, previsto no Plano de Manejo das reservas florestais inicia seu terceiro ano, realizado em uma área isolada na margem direita do rio Cristalino.

A pesquisa investiga a presença de espécies de aves, borboletas e mamíferos no começo e no fim do período chuvoso. Ao todo são 5 km de trilha em 3 tipos de ambientes vegetativos: Floresta ripária, floresta de igapó e floresta de terra firme. A equipe precisa percorrer 5 mil metros coletando informações colhidas por observação e gravação de áudio da floresta.

O que é o Monitoramento da Biodiversidade

Coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, a Fundação Ecológica Cristalino – FEC monitora a condição da biodiversidade no interior das áreas protegidas, observando especialmente aqueles grupos de indicadores que apresentam relevância para orientar a decisão sobre ações preventivas e mitigadoras dos efeitos das mudanças climáticas. São monitoradas espécies de mamíferos, aves e borboletas frugívoras.

Boa parte da trilha fica inundada até maio

O monitoramento da biodiversidade é realizado a partir de levantamentos em campo e fornece a base de informações biológicas necessária para subsidiar a gestão e a proposição de medidas adequadas para a conservação nos ambientes monitorados.

As informações obtidas nesses programas são úteis em múltiplas escalas, auxiliando tanto a gestão de uma pequena unidade de conservação (perspectiva local), como orientando um conjunto específico de áreas protegidas (perspectiva regional) ou ainda subsidiando a formulação das políticas e metas nacionais de conservação (perspectivas nacional/global).

São empregados métodos eficientes: acurados, mas de baixo custo operacional e logístico. Outra necessidade fundamental nos monitoramentos de biodiversidade é o acúmulo de informações ao longo do tempo. Com um volume representativo de dados de biodiversidade, inferências mais seguras podem ser feitas.

Lucas, Marcelo e Kimberly a caminho do Cristalino

As unidades de conservação (UC) são áreas chave para a conservação da natureza em diversas escalas e perspectivas. Essas áreas protegem habitats, espécies, processos ecológicos e serviços ecossistêmicos. Considerando a sua importância estratégica, o monitoramento de sua biodiversidade constitui uma atividade essencial para a gestão desses espaços.

 

 

 

Coordenação de Comunicação

Josana Salles – josanassalles@gmail.com – 65-99966-3681

 

 

 

 

FEC promove capacitação para 12 voluntários

O Programa Escola da Amazônia da Fundação Ecológica Cristalino – FEC reuniu12 pessoas comprometidas em fazer a diferença por meio da educação ambiental e participaram da Capacitação de Voluntários ocorrida no último dia 19/03. Se inscreveram para serem voluntários do programa estudantes de Biologia, profissionais da área de marketing e de arqueologia, biólogos, estudantes de Ciências Biológicas e profissionais liberais.

A FEC já recebeu cerca de 400 voluntários em diversos projetos durante sua atuação

Durante a capacitação, realizada pela Coordenação de Educação Ambiental da FEC, os participantes conheceram a história da Fundação Ecológica Cristalino, os projetos científicos e de gestão das áreas protegidas e os projetos de Educação Ambiental em execução atualmente: “Um Dia na Floresta”, “Histórias da Floresta” e “Brincando na Floresta”. Também foram apresentadas as diversas atuações da ong em conselhos de políticas públicas ambientais, fóruns de meio ambiente e campanhas de conscientização.

Ao ser voluntário da FEC, as pessoas se envolvem em projetos e atividades que contribuem para a conservação da biodiversidade da Amazônia de Mato Grosso. Esse foi um dos principais motivos do arqueólogo Renato do Nascimento, 31 anos, que já tem experiência em educação patrimonial em Rondônia. Essa é uma região carente de pesquisas arqueológicas e tenho interesse em saber mais dos projetos da FEC como também do Parque Estadual Cristalino”, comentou.

As biólogas: Michele Lazari da Silva e Naiquela Ferraz dos Reis são moradoras de Alta Floresta e quando mais jovens participaram do projeto “Um Dia na Floresta”. “Nunca tinha entrado na floresta e foi uma experiência incrível. Agora minha filha já participou e contou tudo que aprendeu”, conta Naiquela. “Estou participando porque gosto de crianças e de ensinar e os projetos vão me proporcionar uma experiência importante”, disse.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 7,2% da população brasileira adulta já realizou algum tipo de trabalho voluntário em 2020, totalizando mais de 14 milhões de pessoas em atividades voluntárias. A FEC já recebeu cerca de 400 voluntários em diversos projetos durante sua atuação.

Coordenação de Comunicação

Texto: Josana Salles

josanassalles@gmail.com

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FEC abre inscrições para voluntários do Programa “Escola da Amazônia”

A Fundação Ecológica Cristalino (FEC) inicia o período de inscrições para voluntários que queiram participar dos projetos de educação ambiental do programa “Escola da Amazônia”, desenvolvido há 22 anos envolvendo crianças e jovens de escolas públicas e particulares de Alta Floresta e região. Neste período já participaram quase 10 mil estudantes e cerca de 417 voluntários.

Ao ser voluntário do programa “Escola da Amazônia” é possível aprimorar habilidades e experiencias educacionais e ambientais que podem colaborar na construção da carreira profissional.

Além de desenvolver a si mesmo, ao participar dos projetos do programa “Escola da Amazônia”, o voluntário pode contribuir para a transformação da sociedade e na preservação ambiental.

O programa “Escola da Amazônia” desenvolve atualmente três projetos:Um Dia na Floresta”, “Histórias da Floresta” e “Brincando na Floresta”. As atividades envolvem crianças de 5 a 8 anos e acontecem na Reserva Surucuá, localizada no centro de Alta Floresta e onde está localizada a sede da FEC.

O projeto “Um Dia na Floresta”, tem objetivo de dar oportunidade às crianças de conhecer de perto a floresta Amazônica e sua rica biodiversidade. O projeto atende alunos de 8 a 10 anos das escolas públicas e particulares da região. Em cada atividade realizada, os participantes vivenciam a floresta e compartilham experiências.

Voluntárias no projeto “Um Dia na Floresta”

O projeto “Brincando na Floresta”, lançado em 2023 tem o objetivo de proporcionar o primeiro contato da criança com a natureza e uma experiência divertida, exploratória e educativa em plena floresta amazônica, despertando o respeito e o cuidado pela natureza. Participam crianças de 4 a 7 anos.

“Histórias da Floresta”, é um projeto de contação de histórias que busca disseminar os conhecimentos sobre a floresta, mostrar sua importância e encantar as crianças com a biodiversidade amazônica.

São realizadas apresentações em um espetáculo com músicas e contações de histórias que enfatizam os encantos a Amazônia. Participam crianças com a faixa etária de 5 a 8 anos.

As inscrições estão abertas até o dia 15 de março e podem ser feitas no link: https://linktr.ee/fundacaoecologicacristalino

 

 

FEC participa de evento sobre o programa Lista Verde e busca certificação das RPPNs Cristalino

A Fundação Ecológica Cristalino – FEC esteve presente no evento “Lista Verde de Áreas Protegidas e Conservadas – resultados, experiências e perspectivas”, promovido pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

O Programa Lista Verde de Áreas Protegidas e Conservadas da IUCN é um sistema de certificação que se baseia em diferentes pilares, como governança equitativa e gestão eficaz, mas o foco real está nos resultados de conservação e na contribuição para os desafios globais.

As Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) Cristalino, situadas no sul as Amazônia estão presentes no Programa da Lista Verde e buscam Certificação de Conservação. As reservas somam 7 mil hectares no norte de Mato Grosso.

As discussões fizeram parte do VI Encontro Latino-Americano de Áreas Protegidas e Inclusão Social (ELAPIS), que aconteceu entre os dias 27 a 30 de novembro na Universidade de São Paulo (USP).

Foto: Lucas Eduardo Araújo Silva

Durante o evento foram apresentados os resultados preliminares da aplicação do padrão em cinco países amazônicos, com a participação do Grupo de Especialistas em Avaliação da Lista Verde da IUCN.

O Programa da Lista Verde de Áreas Protegidas e Conservadas da IUCN visa incentivar e promover áreas protegidas eficazes em todo o mundo e incentivá-las a medir, melhorar e manter o seu desempenho por meio de critérios globalmente consistentes.

 

 

 

Coordenadoria de Comunicação da FEC

Texto: Josana Salles

imprensa@fundacaocristalino.org.br

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Botânicos da UFMT e UNEMAT fazem coletas de espécies raras nas RPPNs Cristalino

Depois de três expedições de coleta e três aulas de campo promovidas pelo projeto “Flora das RPPNs Cristalino” entre os meses de outubro e novembro foram coletadas uma possível nova espécie de planta, um primeiro registro de espécie para a Amazônia e três novos registros de espécie para Mato Grosso.

Até o momento foram coletadas aproximadamente 500 amostras que agora serão analisadas e depositadas nos herbários da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT – campus Alta Floresta.

A coordenadora do projeto “Flora das RPPNs Cristalino”, botânica e professora do Instituto de Biociências da UFMT, Ana Kelly Koch, anunciou que além da provável espécie nova e os novos registros de ocorrência para o Mato Grosso, com os estudos do projeto também serão feitas atualizações nomenclaturais de espécies já registradas no primeiro estudo realizado sobre a flora da região do Cristalino em 2010.

Botância Ana Kelly Koch/UFMT

Pesquisadoras do Instituto de Biociências da UFMT participaram da expedição realizada em novembro. Além das amostras para exsicatas (partes de plantas prensadas e secas em estufa, fixadas em cartolina, para fins de estudos botânicos), a Profa. Dra. Patrícia Carla Oliveira realizou coleta de 43 amostras de frutos e sementes que serão estudadas no Laboratório de Sementes Nativas da UFMT.

Quanto às aulas de campo, três professores de Botânica da Faculdade de Ciências Biológicas e Agrárias da UNEMAT – campus Alta Floresta, participaram ativamente do projeto, com a aplicação dos conteúdos das aulas em campo, envolvendo 25 alunos, na realização de coletas nas RPPNs Cristalino, que serão depositadas no Herbário da Amazônia Meridional.

A próxima expedição do projeto “Flora das RPPNs Cristalino” está agendada para abril de 2024.

Coordenadoria de Comunicação

Texto: Josana Salles

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Sementes e frutos das RPPNs Cristalino serão inclusos na coleção do Laboratório de Sementes da UFMT

“Histórias da Floresta” quer retratar o planeta Terra como um quintal de todos e para todos

Bichos, plantas, o sol, a chuva, o céu estrelado, as nuvens em suas infinitas formas. É nos quintais que muitas crianças passam sua infância e conhecem um pouco da vida natural. Não importa o tamanho do espaço, cada quintal é um pedaço do mundo para os pequenos seres humanos e a partir dele é possível refletir como podemos tratar o planeta Terra.

Essa conversa promete ser bem animada para os alunos das escolas de Alta Floresta que participarão de mais uma edição do projeto “Histórias da Floresta”, vinculado ao Programa Escola da Amazônia, da Fundação Ecológica Cristalino – FEC e que será realizado entre os dias 21 a 30 de novembro.

Este ano, o projeto é inspirado no livro infantil “O quintal da minha casa” de Fernando Nuno e com adaptações será apresentado através de um lindo espetáculo lúdico com as personagens Plim Plim, a Fada das Águas e a Mãe Natureza.

A coordenadora de Educação Ambiental da FEC, Mariana dos Santos da Silva explica que o espetáculo tem um enredo bem divertido e permeado com músicas. “O livro de Fernando Nuno traz a ideia de que o planeta é o nosso quintal. Um quintal com inúmeras florestas, biomas, animais e plantas.  Além disso a história inspira a pensar sobre o que podemos fazer para que a natureza existente no planeta não seja completamente destruída. Nos convida para ação, a fazer algo, não fica só na reflexão”, comentou.

Mariana diz ainda que a história ajuda no diálogo sobre o cuidado com a natureza, apresenta para as crianças um novo olhar sobre o mundo em que vivemos.

Em todas as edições do projeto “Histórias da Floresta” as encenações são bem alegres e “as histórias que apresentamos trazem sempre personagens da fauna e flora da floresta Amazônica”.

“Histórias da Floresta” acontece desde 2018 e atende crianças com faixa etária de 4 a 7 anos das escolas públicas de Alta Floresta, sempre entre os meses de outubro e novembro. Já participaram do projeto cerca de 800 crianças de 14 escolas. A primeira edição foi em 2018 com a história “Sumaúma, mãe das árvores” da escritora Lynne Cherry.

Em 2019 o espetáculo foi baseado na história “Quem pegou a castanha de cutia” cuja autora é a professora Adenir Vendrame. Depois, em 2021, em razão da pandemia foi feita uma edição online com a história do “Pescador e a Onça” de autoria de Yaguaré Yamã.

Coordenação de Comunicação da FEC

Texto: Josana Salles

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Sementes e frutos das RPPNs Cristalino serão inclusos na coleção do Laboratório de Sementes da UFMT

Uma semente do tamanho de um grão de areia que germina e se torna uma árvore de flores brancas e frutos cobiçados por muitos mamíferos.

A pequenina semente foi encontrada por pesquisadores do Laboratório de Sementes Nativas do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT que participaram da primeira expedição do projeto “Flora das RPPNs Cristalino”, realizada em novembro deste ano.

goiaba-de-anta (Bellucia rossularioides)

A semente é da planta conhecida como goiaba-de-anta (Bellucia grossularioides), da família Melastomataceae. Pode ser encontrada no Cerrado e na Amazônia e faz parte da alimentação de primatas, cutia, anta, entre outros.

Quem comemorou o achado foi a bióloga e professora do Departamento de Botânica e Ecologia da UFMT, Patrícia Carla de Oliveira, que fez parte da equipe de cientistas que está estudando a flora das reservas particulares de patrimônio natural – RPPN Cristalino, no norte de Mato Grosso.

Flor e fruto goiaba-de-anta Foto-Ana Kelly Koch

Ao todo foram colhidas 43 amostras de sementes e frutos de plantas amazônicas.

A pesquisadora diz que essa é hoje a menor semente que fará parte da coleção do Laboratório de Sementes Nativas da UFMT.

“Boa parte da coleção de sementes até então é formado por sementes de plantas do cerrado e do Pantanal. Com a participação no projeto “Flora das RPPNs Cristalino” teremos oportunidade de enriquecer os estudos sobre o bioma amazônico”

Os estudos de sementes e frutos buscam avaliar as necessidades de cada planta e o que elas suportam em suas mais diversas fases para sobreviverem no ambiente. As pesquisas são indispensáveis em uma região que abriga as maiores naturezas do mundo – maior floresta tropical do planeta, o maior banco genético e a maior bacia hidrográfica.

Coletadas 43 sementes e frutos na RPPN Cristalino

No Laboratório de Sementes Nativas da UFMT são conduzidas pesquisas sobre sementes nativas e plântulas de espécies do Pantanal, Cerrado e Amazônia, abrangendo desde a caracterização das unidades biológicas, identificação de limites de tolerância a condições adversas, previsões acerca da sobrevivência das espécies em diferentes cenários.

“Investigamos o que cada uma das espécies precisa para germinar e quais são seus limites de tolerância da semente às condições ambientais. Em geral é analisado o tipo de solo, encharcamento, regime de chuva, temperatura, iluminação, polinizador e dispersor”, explicou a pesquisadora.

 

Primeira expedição foi realizada em novembro

“Flora das RPPNs Cristalino” é desenvolvido pela Fundação Ecológica Cristalino – FEC em parceria com a UFMT e UNEMAT.

Coordenação de Comunicação da FEC

Texto: Josana Salles

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Looking for Jaguar” já fez 16 registros de onças-pintadas nas RPPNs Cristalino

Para entender o cotidiano das onças da Amazônia é preciso saber entre outras coisas os períodos do dia de maior atividade, os locais de maior concentração das espécies e em quais deles também têm presença humana. Os estudos estão sendo desenvolvidos pelo projeto “Looking for Jaguar” da Fundação Ecológica Cristalino – FEC nas Reservas Particulares de Patrimônio Natural – RPPNs Cristalino, localizadas no sul da Amazônia.

Ao completar a sexta expedição em 2023, o projeto totalizou 16 registros de indivíduos da espécie Panthera onca (onça-pintada) desde o início do projeto em 2022. No caso da onça-parda (Puma concolor) o projeto tem mais de 70 registros.

Este ano, o coordenador do “Looking for Jaguar”, biólogo Lucas Eduardo Araújo Silva comemorou vários registros feitos pelas câmeras TRAP, entre eles o passeio de uma onça-pintada bem próximo do Cristalino Lodge. Eram 14 horas. “De dia pessoal, de dia!”, comemorou.

https://www.youtube.com/watch?v=4mHv_Ny-lQ8

Localizadas na Amazônia mato-grossense, município de Alta Floresta, as Reservas Particulares de Patrimônio Natural – RPPNs Cristalino (7 mil hectares), são utilizadas como área de vida das onças em toda a sua extensão. Registramos onças-pintadas em todas as trilhas das reservas, sendo a Base do Limão o local de maior número de ocorrência.

O coordenador da FEC, Lucas Eduardo com o assistene de projetos, Marcelo trocando cartões das câmeras TRAP

Outra boa notícia é a participação do aluno bolsista do curso de Biologia da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Emanuel Cerqueira Bonin Melgar nos estudos do projeto. Como participante do Programa de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ, Emanuel contribuirá com a análise das imagens registradas, sob orientação da Dra. Viviane Maria Guedes Layme que é professora do Instituto de Biociências da UFMT e trabalha com Ecologia de Populações.

“É a primeira vez que estou entrando na Amazônia preservada. Parece um filme do Indiana Jones. Sempre quis trabalhar nesse bioma”, diz Emmanuel que é aluno do 8 º semestre da Faculdade de Biologia da UFMT em Cuiabá.

 

 

Algumas das surpreendentes imagens do “Looking for Jaguar” estão sempre por aqui. Acompanhe!

Coordenação de Comunicação

Texto: Josana Salles

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Observando a Biodiversidade das RPPNs Cristalino

O sol já aparecia no horizonte quando a equipe da Fundação Ecológica Cristalino – FEC desceu o rio Cristalino e entrou em uma área isolada na margem esquerda, utilizada para estudos científicos e o Monitoramento da Biodiversidade, realizado desde 2019.

Hubner Douglas

A pesquisa registra, investiga e monitora a presença de espécies endêmicas (que só ocorrem em uma região) e ameaçadas de extinção, durante 5 dias 2 vezes ao ano, abrangendo os dois principais períodos (“estações amazônicas”) seco e chuvoso. A área escolhida é parte da Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN Cristalino, no sul da Amazônia, no estado de Mato Grosso.

Ao todo são 5 km de trilha em 3 tipos de ambientes vegetativos: Floresta ripária, floresta de igapó e floresta de terra firme. A equipe precisa percorrer 5 mil metros coletando informações colhidas por observação e gravação de áudio da floresta.

Para garantir o bom resultado do Monitoramento da Biodiversidade da RPPN Cristalino é preciso perseverar e suportar os incômodos de andar em uma área de floresta amazônica primária e livre de qualquer atividade humana.

A cada ave ou mamífero que surge nas caminhadas lentas e silenciosas dos pesquisadores, é feita a anotação por escrito e registro fotográfico. A cada mil metros é preciso ficar imóvel e em silêncio. O coordenador da FEC, biólogo Lucas Eduardo Araújo Silva, aciona o gravador e registra o som da mata por 10 minutos.

jacamim-de-costas-marrons (Psophia dextralis) – Lucas Eduardo A.S

“São 5:58 manhã. Tempo bom…”. E assim começa a ser gravado o som da vida natural da Amazônia. O pica-pau-de-barriga-vermelha, cricrió, cabeça-encarnada, papagaio-moleiro, chororó-pocuá, arapaçu-bico-de-cunha e oinhambu-pixuna cantam a todo momento durante o ponto de escuta. Duas horas de caminhada na trilha, e o uirapuru-veado dá sinal da vida em meio ao silêncio da floresta, como se todas as aves fossem ouvi-lo cantar.

Os primatas, muito presentes em toda a área, também são registrados e observados por nós enquanto nos observam. Um bando de macaco-aranha-de-cara-branca balança os galhos das árvores fortemente, um comportamento de protesto pela nossa presença, bem comum da espécie Ateles marginatus, após registros fotográficos, seguimos na trilha.

Mais tarde, alguns cuxiús-de-nariz-vermelho e macacos-prego se encontram e uma briga rápida pode ser observada. Estas espécies vivem em bandos mistos, mas às vezes também disputam por recursos. E assim acontece a coleta de dados do Monitoramento, com muita caminhada, suor, sacrifício físico, mas muito gratificante, por fazer este trabalho de proteção da rica flora e fauna que a FEC auxilia na conservação.

As RPPNs abrigam e protegem um total de 39 espécies endêmicas e 41 espécies ameaçadas de extinção, destas: 25 espécies de aves; 14 de mamíferos; 2 de quelônios e 3 espécies de plantas. Das espécies ameaçadas de extinção destacamos o jacamim-de-costas-marrons (Psophia dextralis) o bugio-de-mãos-ruivas (Alouatta discolor) e o macaco-aranha-de-cara-branca (Ateles marginatus) que conseguimos ótimos registros fotográficos.

bugio-de-mãos-ruivas (Alouta discolor) – Lucas Eduardo AS

O que é o Monitoramento da Biodiversidade

Utilizando os mesmos métodos propostos pelo  Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio no Programa Monitora, a Fundação Ecológica Cristalino – FEC realiza o monitoramento, a partir de levantamentos de dados em campo, da condição da biodiversidade no interior das áreas protegidas, observando especialmente grupos bioindicadores (Aves, Mamíferos de grande porte, Borboletas frugívoras e Plantas lenhosas) que apresentam relevância para orientar as ações de conservação preventivas e mitigadoras para as RPPNs Cristalino.

As informações obtidas nesses programas são úteis em múltiplas escalas, auxiliando tanto a gestão de uma pequena unidade de conservação (perspectiva local), como orientando um conjunto específico de áreas protegidas (perspectiva regional) ou ainda subsidiando a formulação das políticas e metas nacionais de conservação (perspectivas nacional/global).

São empregados métodos eficientes: acurados, mas de baixo custo operacional e logístico. Outra necessidade fundamental nos monitoramentos de biodiversidade é o acúmulo de informações ao longo do tempo. Com um volume representativo de dados de biodiversidade, inferências mais seguras podem ser feitas.

As Unidades de Conservação (UC) são áreas chave para a conservação da natureza em diversas escalas e perspectivas. Essas áreas protegem habitats, espécies, processos ecológicos e serviços ecossistêmicos. Considerando a sua importância estratégica, o monitoramento de sua biodiversidade constitui uma atividade essencial para a gestão desses espaços.

Coordenação de Comunicação

Texto: Josana Salles

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