Uma semente do tamanho de um grão de areia que germina e se torna uma árvore de flores brancas e frutos cobiçados por muitos mamíferos.
A pequenina semente foi encontrada por pesquisadores do Laboratório de Sementes Nativas do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT que participaram da primeira expedição do projeto “Flora das RPPNs Cristalino”, realizada em novembro deste ano.
A semente é da planta conhecida como goiaba-de-anta (Bellucia grossularioides), da família Melastomataceae. Pode ser encontrada no Cerrado e na Amazônia e faz parte da alimentação de primatas, cutia, anta, entre outros.
Quem comemorou o achado foi a bióloga e professora do Departamento de Botânica e Ecologia da UFMT, Patrícia Carla de Oliveira, que fez parte da equipe de cientistas que está estudando a flora das reservas particulares de patrimônio natural – RPPN Cristalino, no norte de Mato Grosso.
Ao todo foram colhidas 43 amostras de sementes e frutos de plantas amazônicas.
A pesquisadora diz que essa é hoje a menor semente que fará parte da coleção do Laboratório de Sementes Nativas da UFMT.
“Boa parte da coleção de sementes até então é formado por sementes de plantas do cerrado e do Pantanal. Com a participação no projeto “Flora das RPPNs Cristalino” teremos oportunidade de enriquecer os estudos sobre o bioma amazônico”
Os estudos de sementes e frutos buscam avaliar as necessidades de cada planta e o que elas suportam em suas mais diversas fases para sobreviverem no ambiente. As pesquisas são indispensáveis em uma região que abriga as maiores naturezas do mundo – maior floresta tropical do planeta, o maior banco genético e a maior bacia hidrográfica.
No Laboratório de Sementes Nativas da UFMT são conduzidas pesquisas sobre sementes nativas e plântulas de espécies do Pantanal, Cerrado e Amazônia, abrangendo desde a caracterização das unidades biológicas, identificação de limites de tolerância a condições adversas, previsões acerca da sobrevivência das espécies em diferentes cenários.
“Investigamos o que cada uma das espécies precisa para germinar e quais são seus limites de tolerância da semente às condições ambientais. Em geral é analisado o tipo de solo, encharcamento, regime de chuva, temperatura, iluminação, polinizador e dispersor”, explicou a pesquisadora.
“Flora das RPPNs Cristalino” é desenvolvido pela Fundação Ecológica Cristalino – FEC em parceria com a UFMT e UNEMAT.
Para entender o cotidiano das onças da Amazônia é preciso saber entre outras coisas os períodos do dia de maior atividade, os locais de maior concentração das espécies e em quais deles também têm presença humana. Os estudos estão sendo desenvolvidos pelo projeto “Looking for Jaguar” da Fundação Ecológica Cristalino – FEC nas Reservas Particulares de Patrimônio Natural – RPPNs Cristalino, localizadas no sul da Amazônia.
Ao completar a sexta expedição em 2023, o projeto totalizou 16 registros de indivíduos da espécie Panthera onca (onça-pintada) desde o início do projeto em 2022. No caso da onça-parda (Puma concolor) o projeto tem mais de 70 registros.
Este ano, o coordenador do “Looking for Jaguar”, biólogo Lucas Eduardo Araújo Silva comemorou vários registros feitos pelas câmeras TRAP, entre eles o passeio de uma onça-pintada bem próximo do Cristalino Lodge. Eram 14 horas. “De dia pessoal, de dia!”, comemorou.
Localizadas na Amazônia mato-grossense, município de Alta Floresta, as Reservas Particulares de Patrimônio Natural – RPPNs Cristalino (7 mil hectares), são utilizadas como área de vida das onças em toda a sua extensão. Registramos onças-pintadas em todas as trilhas das reservas, sendo a Base do Limão o local de maior número de ocorrência.
Outra boa notícia é a participação do aluno bolsista do curso de Biologia da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Emanuel Cerqueira Bonin Melgar nos estudos do projeto. Como participante do Programa de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ, Emanuel contribuirá com a análise das imagens registradas, sob orientação da Dra. Viviane Maria Guedes Layme que é professora do Instituto de Biociências da UFMT e trabalha com Ecologia de Populações.
“É a primeira vez que estou entrando na Amazônia preservada. Parece um filme do Indiana Jones. Sempre quis trabalhar nesse bioma”, diz Emmanuel que é aluno do 8 º semestre da Faculdade de Biologia da UFMT em Cuiabá.
Algumas das surpreendentes imagens do “Looking for Jaguar” estão sempre por aqui. Acompanhe!
O sol já aparecia no horizonte quando a equipe da Fundação Ecológica Cristalino – FEC desceu o rio Cristalino e entrou em uma área isolada na margem esquerda, utilizada para estudos científicos e o Monitoramento da Biodiversidade, realizado desde 2019.
A pesquisa registra, investiga e monitora a presença de espécies endêmicas (que só ocorrem em uma região) e ameaçadas de extinção, durante 5 dias 2 vezes ao ano, abrangendo os dois principais períodos (“estações amazônicas”) seco e chuvoso. A área escolhida é parte da Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN Cristalino, no sul da Amazônia, no estado de Mato Grosso.
Ao todo são 5 km de trilha em 3 tipos de ambientes vegetativos: Floresta ripária, floresta de igapó e floresta de terra firme. A equipe precisa percorrer 5 mil metros coletando informações colhidas por observação e gravação de áudio da floresta.
Para garantir o bom resultado do Monitoramento da Biodiversidade da RPPN Cristalino é preciso perseverar e suportar os incômodos de andar em uma área de floresta amazônica primária e livre de qualquer atividade humana.
A cada ave ou mamífero que surge nas caminhadas lentas e silenciosas dos pesquisadores, é feita a anotação por escrito e registro fotográfico. A cada mil metros é preciso ficar imóvel e em silêncio. O coordenador da FEC, biólogo Lucas Eduardo Araújo Silva, aciona o gravador e registra o som da mata por 10 minutos.
“São 5:58 manhã. Tempo bom…”. E assim começa a ser gravado o som da vida natural da Amazônia. O pica-pau-de-barriga-vermelha, cricrió, cabeça-encarnada, papagaio-moleiro, chororó-pocuá, arapaçu-bico-de-cunha e oinhambu-pixuna cantam a todo momento durante o ponto de escuta. Duas horas de caminhada na trilha, e o uirapuru-veado dá sinal da vida em meio ao silêncio da floresta, como se todas as aves fossem ouvi-lo cantar.
Os primatas, muito presentes em toda a área, também são registrados e observados por nós enquanto nos observam. Um bando de macaco-aranha-de-cara-branca balança os galhos das árvores fortemente, um comportamento de protesto pela nossa presença, bem comum da espécie Ateles marginatus, após registros fotográficos, seguimos na trilha.
Mais tarde, alguns cuxiús-de-nariz-vermelho e macacos-prego se encontram e uma briga rápida pode ser observada. Estas espécies vivem em bandos mistos, mas às vezes também disputam por recursos. E assim acontece a coleta de dados do Monitoramento, com muita caminhada, suor, sacrifício físico, mas muito gratificante, por fazer este trabalho de proteção da rica flora e fauna que a FEC auxilia na conservação.
As RPPNs abrigam e protegem um total de 39 espécies endêmicas e 41 espécies ameaçadas de extinção, destas: 25 espécies de aves; 14 de mamíferos; 2 de quelônios e 3 espécies de plantas. Das espécies ameaçadas de extinção destacamos o jacamim-de-costas-marrons (Psophia dextralis) o bugio-de-mãos-ruivas (Alouatta discolor) e o macaco-aranha-de-cara-branca (Ateles marginatus) que conseguimos ótimos registros fotográficos.
O que é o Monitoramento da Biodiversidade
Utilizando os mesmos métodos propostos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio no Programa Monitora, a Fundação Ecológica Cristalino – FEC realiza o monitoramento, a partir de levantamentos de dados em campo, da condição da biodiversidade no interior das áreas protegidas, observando especialmente grupos bioindicadores (Aves, Mamíferos de grande porte, Borboletas frugívoras e Plantas lenhosas) que apresentam relevância para orientar as ações de conservação preventivas e mitigadoras para as RPPNs Cristalino.
As informações obtidas nesses programas são úteis em múltiplas escalas, auxiliando tanto a gestão de uma pequena unidade de conservação (perspectiva local), como orientando um conjunto específico de áreas protegidas (perspectiva regional) ou ainda subsidiando a formulação das políticas e metas nacionais de conservação (perspectivas nacional/global).
São empregados métodos eficientes: acurados, mas de baixo custo operacional e logístico. Outra necessidade fundamental nos monitoramentos de biodiversidade é o acúmulo de informações ao longo do tempo. Com um volume representativo de dados de biodiversidade, inferências mais seguras podem ser feitas.
As Unidades de Conservação (UC) são áreas chave para a conservação da natureza em diversas escalas e perspectivas. Essas áreas protegem habitats, espécies, processos ecológicos e serviços ecossistêmicos. Considerando a sua importância estratégica, o monitoramento de sua biodiversidade constitui uma atividade essencial para a gestão desses espaços.
Quando o tema é Sustentabilidade a Educação Ambiental é de vital importância para o planeta e suas futuras gerações. A sua missão essencial é levar informações a respeito das relações entre o homem e a natureza, seja ele uma criança ou um adulto.
A Fundação Ecológica Cristalino – FEC comemora duas décadas de atividades de Educação Ambiental através do Programa Escola da Amazônia, envolvendo alunos da região de Alta Floresta Brasil e Exterior
Atualmente, a FEC desenvolve três projetos de Educação Ambiental através do Programa Escola da Amazônia: “Um Dia na Floresta”, “Brincando na Floresta” e “Histórias da Floresta”, voltados para crianças das escolas de Alta Floresta e municípios vizinhos.
“Um Dia na Floresta” é realizado há quase 16 anos e desde a sua criação quase 6 mil estudantes e 100 professores participaram do projeto. Apenas em 2023, 434 crianças e 38 professores de 14 escolas tiveram a oportunidade de conhecer de perto a floresta Amazônica e sua rica biodiversidade
O projeto “Brincando na Floresta”, lançado em 2023 atendeu 134 alunos e 9 professores de 3 escolas de Alta Floresta. O projeto é destinado às crianças de 4 a 6 anos
Foram realizadas 06 oficinas na Reserva Surucuá, no centro de Alta Floresta. Participaram as escolas: Jean Piaget, Escola Estadual Mundo Novo e Escola Municipal Trenzinho Mágico.
O objetivo é proporcionar o primeiro contato da criança com a natureza e uma experiência divertida, exploratória e educativa em plena floresta amazônica despertando o respeito e o cuidado pela natureza.
Além de proporcionar entretenimento ao ar livre, longe das telas digitais, para que as crianças possam brincar de forma alegre e saudável e conseguirem melhor sociabilização no ambiente escolar.
Já projeto Histórias da Floresta acontece desde 2018 e atende crianças com a faixa etária de 04 a 07 anos das escolas públicas de Alta Floresta – MT, onde, durante os meses de outubro e novembro são realizadas apresentações através de um verdadeiro espetáculo com músicas e contação de histórias com um enredo abrangendo o mundo encantado
Com uma linguagem lúdica dos contos, são apresentadas as histórias que trazem sempre personagens da fauna e flora da floresta Amazônica. Até o momento, já participaram do projeto cerca de 800 crianças de 14 escolas.
Neste ano o projeto acontecerá no mês de novembro e contará a história “O quintal da minha casa” de Fernando Nuno com adaptações, será um verdadeiro espetáculo com as personagens Plim Plim a fada das águas e a Mãe Natureza.
“Em nossos projetos as atividades envolvem ciência, ética, compromisso e atitudes e, acima de tudo, a transmissão de informações, conceitos e técnicas necessárias que levem à reflexão e à compreensão da realidade para conscientizar sobre uma mudança correta de atitudes”, diz a presidente da FEC, Vitória Da Riva.
“O objetivo é construir o respeito com a natureza e sensibilizar as futuras gerações no cuidado com o maior patrimônio natural a floresta amazônica. Essa lição tem sido levada através dos projetos de educação ambiental até às salas de aula”, explica a coordenadora de Educação Ambiental da FEC, Mariana dos Santos.
As professoras: Elizangela Soares Major Lourençoni e Alana Regina Ruiz da Silva da escola municipal rural Mundo Novo estiveram presentes nas atividades do projeto “Brincando na Floresta “e depois conversaram com os alunos na escola.
“Fizemos uma roda de conserva com os alunos e todos fizeram desenhos representando o que mais gostaram de ouvir sobre a floresta amazônica. Das brincadeiras desenvolvidas na oficina “Quem Sou EU?” ganhou mais a atenção dos alunos e por isso repetimos ela em sala de aula. A atividade permite maior conhecimento sobre os animais da Amazônia. Foi um sucesso!”, contou Alana.
Criar uma Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN pode ser um bom negócio para os produtores rurais do norte de Mato Grosso. Entre os benefícios já oferecidos pela legislação brasileira estão medidas como incentivos fiscais, linhas de crédito especiais para criação e manutenção das unidades de conservação e um fundo público de financiamento da atividade.
E a cota de vantagens deve aumentar com a aprovação do Projeto de Lei 784/2019 aprovado na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados que deverá isentar de Imposto Territorial Rural – ITR a propriedade rural que averbar 30% da área como RPPN.
Atualmente, é livre de pagamento de ITR somente a área da reserva natural particular. A boa notícia foi anunciada pelo administrador de empresas e proprietário rural, Laércio Miranda de Sousa durante palestra promovida pela Prefeitura Municipal de Alta Floresta, Fundação Ecológica Cristalino – FEC e diversos parceiros.
Ao criar uma reserva particular, o dono do terreno garante a preservação ambiental de forma permanente. Pela lei, o processo não pode ser revertido. As únicas atividades permitidas nas áreas preservadas são turismo, educação ambiental e pesquisa.
No Brasil foram criadas 495 RPPNs nos últimos 8 anos totalizando 1.846 reservas naturais, representando mais de 800 mil hectares de áreas ambientais protegidas de forma voluntária.
Laercio disse ainda que as RPPNs podem se sobrepor às Reservas Legais e serem utilizadas pelos proprietários para: pagamentos por serviços ambientais, crédito de carbono, compensação ambiental, ICMs Ecológico, Ecoturismo e outras atividades que podem ser implementadas no entorno da área, como a apicultura, por exemplo.
“Eu sou também pecuarista e tenho a RPPN que além de ter esses benefícios ainda vai garantir o Selo Verde Brasil, lançado recentemente pelo Governo Federal. Sou produtor rural, mas tenho um diamante verde que me faz ser também um produtor de natureza”, complementa. Outro fator importante para a produção rural é o marketing positivo de promover a conservação ambiental.
A secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Alta Floresta, Gercilene Meira comentou que o evento sobre RPPNs promovido por várias entidades públicas e não-governamentais é desmistificar o tema e orientar os produtores rurais e comunidades da agricultura familiar. “Alta Floresta já tem a primeira RPPN criada na Amazônia de Mato Grosso e que é sucesso na conservação e nos negócios de ecoturismo. “As RPPNs podem fortalecer a agricultura e a economia local”, disse.
Alta Floresta tem hoje 2.500 produtores rurais no bioma amazônico e podem ser beneficiados com a criação de novas RPPNs. O secretário municipal de Agricultura e Pecuária, Marcelo Fernando de Souza participou do evento e ressaltou a necessidade de difundir as vantagens para o produtor.
O produtor rural e empresário de ecoturismo da Fazenda Anacã, Fernão Prado é um dos interessados em criar uma RPPN nas suas terras. Possui projeto produtivo associado a serviços de ecoturismo e observação de aves. Desde 2014 a propriedade vem se tornando uma referência regional na adoção de práticas mais sustentáveis e na recuperação de áreas degradadas. “Além de valorizar a atividade rural pode agregar renda para toda a cidade”, disse.
A Fundação Servir que possui o Sítio Ecológico da Paineira, no município de Alta Floresta também está analisando a possibilidade de criar uma RPPN onde existe a maior árvore da América Latina. A área mantém uma sumaúma de 61 metros de altura, 4 metros de circunferência de tronco e 304 metros de circunferência de copa.
Participaram ainda proprietárias rurais da Comunidade Guadalupe que também trabalham com produção sustentável de diversos produtos orgânicos. Também estiveram presentes representantes das prefeituras municipais de Nova Monte Verde e Paranaíta.
Durante a palestra, Laércio apresentou como exemplo a Fazenda Caiman, no Pantanal do Mato Grosso do Sul. Após 36 anos de pecuária, a fazenda tem um dos mais bem sucedidos projetos de ecoturismo e conservação de onça-pintada e 78% da sua receita é oriunda do turismo
O Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio de Alta Floresta se colocou à disposição para orientar os produtores rurais no processo de criação de RPPNs federais e a Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT- campus de Alta Floresta disponibilizou seu corpo técnico e científico na produção de planos de manejo.
São parceiros do evento: Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Inovação e Desenvolvimento Econômico, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA/MT), Fundação Ecológica Cristalino (FEC), Instituto Centro de Vida (ICV), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), Instituto Chico Mendes (ICMBio), Instituto Federal de Educação (IFMT), Fundação Servir, Simenorte, Sindicato Rural de Alta Floresta, Fazenda Anacã e Conselho Municipal de Turismo (COMTUR).
As inovações tecnológicas têm contribuído cada vez mais com o avanço do nosso conhecimento sobre a biodiversidade e a conexão entre as pessoas e a própria natureza. Uma destas ferramentas atuais é o aplicativo iNaturalist que agora está integrado ao projeto Flora das RPPNs Cristalino, desenvolvido pela Fundação Ecológica Cristalino, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).
Já foram registradas por pessoas comuns e inseridas no aplicativo 334 espécies de plantas das reservas naturais, com fotos e coordenadas geográficas.
iNaturalist é um aplicativo baseado no compartilhamento e mapeamento de observações de animais e plantas de todo o mundo. Ele abrange o conceito de rede social, conectando desde biólogos, cientistas, naturalistas e cidadãos, que podem interagir e auxiliar na identificação dos animais e plantas, fornecendo informações valiosas da ocorrência destas espécies. É uma comunidade de mais de um milhão de cientistas e naturalistas que ajudam a aprender mais sobre a natureza.
Os usuários de iNaturalist auxiliam na identificação das plantas e animais ao seu redor na sua região. No caso do projeto “Flora das RPPNs Cristalino” lançado em setembro de 2023, os registros poderão ser feitos pelos turistas que visitam as RPPNs Cristalino e o Cristalino Lodge, guias, pesquisadores e pessoas que trabalham no empreendimento de ecoturismo.
Para participar do Projeto Flora das RPPNs Cristalino, basta baixar o app iNaturalist, que é gratuito, registrar a planta (com flor ou fruto), marcar a localidade (Cristalino Lodge) e pronto, o seu registro já fará parte da pesquisa científica e você contribuirá com novas descobertas!!!
Conecte-se.
Texto: Josana Salles – Coordenação de Comunicação da FEC
O propósito da criação de uma Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN e seus benefícios para o empreendedorismo rural será tema da palestra “RPPN – Um Modelo de Unidade de Conservação Compatível com as Propriedades Rurais na Amazônia”, a ser ministrada pelo administrador de empresas Laércio Machado de Souza. O evento acontece no dia 31 de outubro no Simenorte, Alta Floresta.
Durante a palestra, Laercio fará uma apresentação das vantagens, benefícios, critérios, atividades que podem ser desenvolvidas e incentivos para os produtores rurais. Os participantes saberão como ocorre a tramitação do processo de criação bem como a documentação necessária.
Laercio foi consultor da Jataí Capital e Conservação e é especialista em RPPN. Atuou como presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera do Pantanal /UNESCO e lidera a criação da Rede Brasileira de Reservas Naturais. Formou-se em Administração de Empresas pela Universidade Paulista – UNIP.
RPPN é a única categoria de Unidade de Conservação (UC) onde a criação se dá por um ato voluntário do proprietário(a) da área natural. São reconhecidas como uma das maiores iniciativas de conservação voluntária de áreas naturais particulares em todo o mundo.
Juntas, as mais de 1.700 reservas existentes conservam de forma 100% voluntária mais de 800 mil hectares de áreas naturais no Brasil.
Além de conservar belezas cênicas e ambientes históricos, as RPPNs assumem, cada vez mais, objetivos de proteção de recursos hídricos, manejo de recursos naturais, desenvolvimento de pesquisas científicas, manutenção de equilíbrios climáticos ecológicos, entre vários outros serviços ambientais.
O Evento é promovido pela Prefeitura Municipal de Alta Floresta, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e os parceiros: Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Inovação e Desenvolvimento Econômico, Secretaria de Estado de Meio Ambiente(SEMA), Fundação Ecológica Cristalino (FEC), Instituto Centro de Vida (ICV), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), Instituto Chico Mendes (ICMBio), Instituto Federal de Educação (IFMT), Fundação Servir, Simenorte, Sindicato Rural de Alta Floresta, Fazenda Anacã e Conselho Municipal de Turismo (COMTUR) e Conselho Municipal de Meio Ambiente.
SERVIÇO:
Dia: 31/10 – terça-feira
Horário: 14 horas
Local: Simenorte – Av. Uniflor, 120
Texto: Josana Salles – Coordenadoria de Comunicação da FEC
As fragilidades do sistema viário para dar passagem segura a fauna silvestre urbana de Alta Floresta fora discutida por entidades e sociedade na noite do dia 26/10, no auditório do Museu Natural. Foram apresentados vários casos no Brasil sobre atropelamentos de animais silvestres e diversas soluções para criar um sistema de passagem viária adaptado para a fauna.
Com o auditório lotado, na maioria de estudantes de Biologia da UNEMAT, foram ministradas duas palestras. O professor da UNEMAT, Mahal Massavi Evangelista apresentou dados sobre a mortandade de animais silvestres nas principais vias de acesso de Alta Floresta. Mahal avalia que a cidade precisa de uma política de crescimento e considerar a raridade da fauna local. “Isso não é um problema, temos privilégio de viver num lugar como esse”.
A bióloga Fernanda Abra, mestre em Ecologia de Ecossistemas Terrestres e Doutora em Ecologia aplicada pela USP foi a segunda palestrante do evento. Após uma visita técnica em 18 pontos do tráfego urbano de Alta Floresta onde ocorrem mais atropelamentos de fauna, Abra se emocionou ao contar de ter visto tantos animais pela cidade.
“Vocês moram num lugar incrível, um caso raro no cotidiano urbano na Amazônia”, disse Fernanda. A bióloga demonstrou que Alta Floresta possui 8 espécies de primatas em sua área urbana, 5 fazem parte da categoria de animais extremamente ameaçados. “Se os atropelamentos e outras ameaças não forem contidas em cinco anos essas espécies não vão mais existir aqui”, alertou.
De forma voluntária, Fernanda Abra entregará um diagnóstico e um plano de ação com soluções a todos os participantes do movimento em prol de soluções para os atropelamentos da fauna silvestre urbana de Alta Floresta.
Participam as seguintes instituições: 7ª Companhia Independente Bombeiros Militar – 7ª CIBM – Alta Floresta, Diretoria Regional de Alta Floresta – SEMA/MT, Unidade Técnica do IBAMA de Alta Floresta, Aeroporto de Alta Floresta/COA, UFMT – Campus Sinop, Instituto Ecótono, UNEMAT/AFL, Via Brasil, Fazenda Anacã, Vereadora Ilmarli Teixeira, Defensoria Pública e o Conselho Municipal de Meio Ambiente – COMDEMA.
Mesmo depois de décadas de colonização, a cidade de Alta Floresta, situada na Amazônia Legal ainda possui muitos fragmentos de mata amazônica na zona urbana e rural. As áreas verdes ainda abrigam grande número de espécies da fauna, muitas delas endêmicas. No entanto, a cidade tem enfrentado um problema diário em suas vias públicas e estradas vicinais: o atropelamento de animais silvestres.
Os registros aumentam a cada dia, não só de atropelamentos como também de animais perambulando pelas ruas. Os choques entre animais e carros se intensificaram nos últimos anos. Conforme dados do Corpo de Bombeiros de Alta Floresta, todos os dias são feitos resgates de animais pela cidade. A Prefeitura de Alta Floresta em parceria com a Unemat, Fundação Ecológica Cristalino – FEC, Sema e Ibama identificaram 13 pontos críticos nas vias públicas onde ocorrem maior incidência dos atropelamentos.
Entre as vítimas do trânsito está o zogue-zogue-de-alta-floresta (Plecturocebus grovesi) espécie recentemente descrita pela ciência e entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo, conforme a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Outros animais, alguns ameaçados de extinção estão entre as vítimas dos atropelamentos: macaco-aranha-de-cara-preta, anta, gavião-real, araras, bicho-preguiça, capivaras, cutia, cobras, onça-pintada, onça-parda, macaco-prego, sagui.
O Laboratório de Zoologia e da Coleção Zoológica da UNEMAT – Campus Alta Floresta que recebe voluntariamente doações de carcaças de animais que tenham morrido em acidentes no perímetro urbano aponta que entre os meses de março de 2022 a setembro de 2023, foram doados ao laboratório 65 animais silvestres atropelados. As carcaças são utilizadas em atividades didáticas de ensino, pesquisa e extensão. Entre os meses de março de 2022 a setembro de 2023, foram doados ao laboratório 65 animais silvestres atropelados.
Preocupados com essa realidade instituições públicas e não-governamentais se uniram com o propósito de encontrar soluções para reduzir os acidentes. No próximo dia 25 de outubro, a Prefeitura Municipal de Alta Floresta, a Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e a Fundação Ecológica Cristalino (FEC) e parceiros realizam evento aberto à comunidade no Museu de História Natural de Alta Floresta às 19 horas.
A Fundação Ecológica Cristalino – FEC convidou a bióloga Fernanda Abra, Mestre em Ecologia de Ecossistemas Terrestres e Doutora em Ecologia aplicada pela USP e pesquisadora posdoc associada ao Centro de Conservação e Sustentabilidade do Smithsonian em Washington DC, Estados Unidos para apresentar soluções para evitar os atropelamentos.
Durante sua palestra “Atropelamentos da Fauna Silvestre de Alta Floresta” a bióloga apresentará dados sobre os graves acidentes nas estradas envolvendo motoristas e animais da fauna silvestre e medidas mitigadoras implantadas em vários lugares do Brasil. “A prevenção de colisões com a fauna é uma forma de proteger animais e pessoas. O trânsito e as estradas precisam ser seguras para todos”, alerta.
“Com certeza podemos dizer que o atropelamento de animais silvestres é a principal causa de perda crônica de fauna no Brasil, junto com a caça ilegal e o tráfico de animais”, diz Fernanda Abra, vencedora do Prêmio Future for Nature Awards 2019, um dos mais importantes do mundo para iniciativas voltadas à proteção de animais silvestres.
Abra explica que essa retirada em grande quantidade de animais da natureza tem impacto ainda maior em espécies em risco de extinção, de reprodução lenta – que não aguentam fortes pressões do meio externo – e aquelas consideradas topo de cadeia, das quais muitas outras dependem para sobreviver.
Entidades se unem para encontrar soluções
O grupo criado para discutir os problemas em relação a fauna silvestre de Alta Floresta e soluções é uma iniciativa colaborativa entre diferentes instituições, tais como: 7ª Companhia Independente Bombeiros Militar – 7ª CIBM – Alta Floresta, Diretoria Regional de Alta Floresta – SEMA/MT, Unidade Técnica do IBAMA de Alta Floresta, Aeroporto de Alta Floresta/COA, UFMT – Campus Sinop, Instituto Ecótono, UNEMAT/AFL, Via Brasil, Fazenda Anacã e vereadora Ilmarli Teixeira, Conselho Municipal de Meio Ambiente – COMDEMA e Defensoria Pública.
Texto: Josana Salles – Coordenação de Comunicação da FEC
A Fundação Ecológica Cristalino – FEC é uma das instituições que participam da elaboração do Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Amazônia. Intitulado PAN Aves da Amazônia tem o objetivo de melhorar as condições de conservação das espécies de aves amazônicas em cinco anos. Este ciclo do PAN Aves da Amazônia contempla 74 táxons nacionalmente ameaçados de extinção. O evento acontece na Floresta Nacional de Carajás, no estado do Pará.
Das 74 espécies de aves da Amazônia nacionalmente ameaçadas de extinção e contempladas no 2º Ciclo do Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves da Amazônia 25 são encontradas nas Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPNs Cristalino, no norte de Mato Grosso.
O PAN Aves da Amazônia é coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio e possui diversos parceiros, entre eles a Fundação Ecológica Cristalino. A FEC participou da Oficina de Elaboração do PAN em julho de 2022 e é articuladora de três ações. Participa também do Grupo de Assessoria Técnica – GAT que está elaborando e monitorando as metas e indicadores ao longo dos próximos cinco anos.
As Reservas Particulares de Patrimônio Natural – RPPNs Cristalino e o Parque Estadual Cristalino possuem a maior diversidade de espécies de aves de toda a Amazônia brasileira, mais de 600 espécies, quase um terço do total de espécies de aves do Brasil.
Desse total, 25 estão na lista oficial de aves ameaçadas de extinção. Entre elas, o gavião-real (Harpia harpyja) e a mãe-de-taoca-de-cara-branca (Rhegmatorhina gymnops).
A região é habitada por pássaros dificilmente vistos, incluindo espécies restritas à zona geográfica dos Rios Tapajós, Madeira e Xingu. Dentre algumas aves de destaque, pode-se citar espécies presentes em bambuzais como a Freirinha-de-coroa-castanha (Nonnula ruficapilla), Chororó-de-manu (Cercomacra manu), Puruchém (Synallaxis cherriei), Limpa-folha-de-bico-virado (Syndactyla ucayalae / Simoxenops ucayalae), Barranqueiro-de-topete (Anabazenops dorsalis), Choquinha-ornada (Epinecrophylla ornata) e Polícia-do-mato (Granatellus pelzelni).
Quer saber mais sobre as aves da região do Cristalino?